O presidente da Aliança Global para Vacinas e Imunização (GAVI), José Manuel Durão Barroso, advertiu que apesar da pandemia parecer estar no final, a Covid-19 pode ser um prognóstico de futuras calamidades e à medida que os governos lançam as novas doses de reforço, o mundo deve se preparar para uma forte crise e o possível surgimento de novas variantes perigosas. “Se os líderes globais não criarem mecanismos equitativos para responder antes da próxima grande crise, os países de baixo rendimento e os grupos de alto risco pagarão novamente o preço mais alto. Após dois anos e meio de bloqueios, quarentenas e máscaras, milhões de pessoas em todo o mundo voltaram às suas vidas normais. Mas, de várias maneiras, esse novo senso de normalidade pós-pandemia é enganoso. Vencer não marcará o fim da nossa atual era de instabilidade global, mas sim o fim do começo", afirmou Barroso.
Além disso, Durão Barroso destacou que a "batalha" contra a Covid ainda esta longe de terminar e sublinhou que somente este ano foram infetadas mais pessoas do que no conjunto dos dois anos anteriores, embora tenha sido registrada uma redução significativa na taxa de mortalidade. “A epidemia provocou em 2022 mais de um milhão de mortes. E mesmo que a Covid desapareça em breve, não se pode voltar ao status quo pré-pandêmico”, acrescentou.
O dirigente da GAVI e atual presidente do banco Goldman Sachs International, que também é ex-presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro de Portugal, avalia que no mundo pré-pandemia, governos e comunidades estavam lamentavelmente mal preparados, não apenas para um patógeno mortal, mas ainda para uma confluência explosiva de crises políticas e econômicas. “Se continuarmos a ver o fim desta pandemia como o nosso único objetivo, o novo normal será tão frágil quanto o antigo. Nesse sentido, os líderes globais devem reconhecer que, longe de ser uma exceção, a pandemia pode ser um prenúncio. E, mesmo que a Covid continue a se espalhar, a probabilidade de outra pandemia aumenta 2% a cada ano e a ameaça de novas endemias é apenas uma das diversas catástrofes iminentes, que incluem mudanças climáticas, guerra e insegurança alimentar, conspirando para que a estabilidade social e econômica se mantenha como uma coisa do passado. Simplificando, o mundo não está preparado. Tal como demonstraram a Covid e as alterações climáticas, os mais vulneráveis são os primeiros a serem afetados", alertou Barroso.
No entanto, a GAVI salientou que apesar dos imensos desafios, a criação do Acesso Global à Vacina Covid-19 (Covax) tem sido notavelmente bem-sucedida. Até agora, a Covax já entregou mais de 1.750 milhões de doses de vacina em 146 países. Destes, 1.500 milhões foi para 92 países de baixo rendimento, permitindo atingir uma taxa de 20%, o suficiente para proteger os grupos de maior risco. Mas para Durão Barroso na próxima vez que o mundo enfrentar uma nova crise global, os líderes terão de agir de forma mais rápida e decisiva. "Porém desenvolver uma resposta global adequada também requer uma mudança de mentalidade. Mesmo agora, enquanto os líderes do G20 tentam descobrir como preparar o mundo para futuras pandemias, não há propostas pormenorizadas sobre como poderão as economias mais pobres do mundo obter vacinas. Preparar-se para isso precisa ser o nosso novo normal", concluiu.
Fonte - Diário de Pernambuco
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