O início de todos os anos precisa ser estudado com cuidado, afinal o consumidor enfrenta muitas despesas, como o pagamento de impostos, a exemplo do IPTU e do IPVA, matrícula e material escolares, além do pagamento das compras feitas em dezembro. Em especial, o ano de 2022 chega com incertezas e possíveis instabilidades sobre a economia brasileira. Estamos falando de um ano difícil de eleição. Por isso, organizar-se diante do cenário de instabilidade na economia é fundamental.
Em 2021, as finanças pessoais foram afetadas pela pandemia. Para se ter uma ideia, o percentual de famílias que se declaram estar “muito endividadas” em Pernambuco é de 22,8%, em dezembro de 2021. A proporção das que se dizem “mais ou menos endividadas” é de 35,1%. Em dezembro de 2020, esses percentuais eram de 12,3% e 37,9%, respectivamente. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e recortada localmente pela Fecomércio-PE.
Assim, a educação financeira torna-se dever de casa. “Em termos de orçamento, esses dois últimos anos foram bem difíceis, bem restrito. A pandemia dificultou por causa do desemprego, em que afetou a renda das pessoas, a inflação alta, com itens de alimentação e bebida cada vez mais caros, além de reajustes mínimos na questão do salário. Esse cenário coloca ainda mais em evidência a necessidade do equilíbrio das contas pessoais ou, pelo menos, colocá-las próximo ao equilíbrio”, explicou Rafael Ramos, economista da Búzios Consultoria.
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“No final de ano, a gente tem gastos e ganhos extras. Esses ganhos são, por exemplo, o 13° salário. A euforia do final do ano pode comprometer o orçamento familiar, então é importante fazer o diagnóstico para descobrir o comprometimento dos seus ganhos, investigar para onde estão indo seus gastos. Conhecendo sua situação, é possível começar a ajustar”, indicou Magna Melo, contadora, empresária contábil e educadora financeira da DSOP.
“Uma boa forma de se organizar financeiramente é montar uma planilha de fluxo de caixa pessoal, nela irá listar todas as suas fontes de receitas e também suas fontes de despesas. Ela permitirá um maior controle mensal das suas finanças, assim como saber se algum ponto em específico está necessitando atenção. Permitirá também que você tenha noção do volume necessário para compor sua reserva de emergência e também como está o seu índice de poupança”, complementou João Melo, economista e sócio-fundador da Dapes Investimentos.
Ajustes no orçamento
Uma vez em que o orçamento não está equilibrado, é preciso começar a pensar em como organizar melhor suas finanças. “Cada um tem que ver o tamanho da diferença orçamentária que existe e saber onde cortar. As escolhas são pessoais, mas os responsáveis pelas finanças da família têm que colocar as opções na frente para cortar o que for preciso”, explicou João Melo.
O consumidor Hélio Mota faz sua organização financeira há cerca de cinco anos, seguindo o exemplo do seu pai. Hélio já viu, em alguns momentos, a necessidade de fazer algumas mudanças para manter o equilíbrio financeiro. “Teve um período que eu trabalhava fora, no escritório, então eu pedia muito delivery. Vi que era necessário fazer alguns cortes porque estava com esses gastos em alta. Foi então que eu passei a cozinhar mais em casa para levar marmita para o trabalho”, explicou Mota.
Hélio Mota passou a levar marmita ao trabalho para reduzir seus gastos. Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
Pagar as dívidas
Se estiver em dívida, a contadora Magna disse pode utilizar o valor do 13° para quitá-la. “A gente precisa priorizar as dívidas com incidência maior de juros, que são, por exemplo, a do cartão de crédito e a do cheque especial”, comentou Magna.
“Esse tipo de dívida de cartão de crédito é extremamente perigosa porque ela é muito crescente. Qualquer descontrole, pode explodir. Se não pagar essa dívida, em um ano ela vai triplicar. Então se estiver endividado, pode utilizar o 13° para pagar”, sugeriu Rafael Ramos.
Atenção no material escolar
Para as famílias que têm crianças, as dicas são bem preciosas. Isso porque, em 2022, a compra do material escolar vai acompanhar a inflação e a alta do dólar. Segundo a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), o aumento pode chegar a 30%. As indústrias e os importadores estão sofrendo um grande aumento de custos devido aos aumentos frequentes nas diversas matérias-primas, como papel, plástico e químicos. Por isso, as sugestões no momento de comprar os itens escolares são essenciais.
“O ideal é sempre pesquisar na hora de comprar o material escolar. Os pais também podem se juntar para fazer uma compra coletiva de forma a reduzir os preços, além de optar por marcas mais baratas e comprar material já usado. Esses são meios de baratear os custos”, indicou Rafael Ramos. Outra indicação é juntar o material escolar do ano anterior e ver o que pode ser reaproveitado.
Por Eduarda Barbosa - Folha de Pernambuco
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