Foram 53 anos. Na última vez que o Náutico havia vencido o Sport em uma final de Pernambucano, o homem nunca havia chegado à Lua, o Brasil vivia o início de uma ditadura militar e a Rainha Elizabeth II se preparava para visitar o Recife. Agora, o tabu, assim como todos esses fatos, não é nada além de uma história do passado. Após vencer o Sport nos pênaltis, neste domingo, o Timbu se sagrou campeão pernambucano pela 23ª vez.
Em campo, nos Aflitos, um jogo de muito desespero e pouco futebol. O Sport amarrava o jogo e o Náutico não conseguia criar, o que ocasionou uma partida de muitas faltas e poucos lances de perigo real. Esse clima de dureza só foi quebrado por Kieza, aos 32 do segundo tempo. Nove minutos depois, porém, Mikael deixou tudo igual para o Sport e o título do Náutico só veio na marca da cal, com Kieza cobrando o pênalti do título.
Assim, o Timbu volta a ser campeão pernambucano após três anos; a ser campeão em um clássico após 17 anos; a ser campeão nos Aflitos após 47 anos; e a ser campeão sobre o Sport após 53 anos. O último título alvirrubro sobre o rival tinha sido em 1968, na conquista do hexacampeonato. Àquela época, o Náutico tinha seis vitórias no confronto decisivo, contra dois do Sport, que embalou uma sequência de 10 títulos, finalizada neste domingo.
A série de marcas importantes do Náutico não para por aí. O título é o terceiro conquistado pelo Timbu em três anos. Uma série de nomes também celebra sua primeira conquista vestindo a camisa alvirrubra, como o treinador Hélio dos Anjos e os atacantes Kieza e Erick. Se nascem novos ídolos, só o tempo dirá. A única certeza por ora é que a taça do Pernambucano 2021 não precisará sair do Aflitos, mesmo após o jogo.
O JOGO
A intensidade marcou o início da partida. Os dois times buscavam a agressividade ofensiva, mas caíam na pura agressividade. Aos 12 minutos, já eram quatro amarelos. Com a bola rolando, poucas chances reais. O Sport tinha controle na marcação, segurando o ímpeto ofensivo do Náutico, mas também não acertava os seus contra-ataques. Neste cenário, as poucas boas chances de gols foram a favor dos donos da casa. Na melhor, aos 18, Kieza aproveitou uma falha incrível de Maílson, mas Maidana, em cima da linha, fez o corte.
SEGUNDO TEMPO
Depois do intervalo, o ritmo se manteve. Com o jogo travado no meio de campo, muito em função do esquema do time leonino, o Náutico era quem chegava mais ao ataque, mas sem assustar o goleiro Maílson. Isso, porém, mudou aos 25, quando Kieza cabeceou na trave e, na sobra, Jean Carlos tocou para outra bola salva por Maidana em cima da linha.
Aos 33, porém, não havia quem pudesse parar o K9. Marcão saiu jogando errado na área defensiva e a bola foi interceptada por Kieza, artilheiro do Pernambucano, ídolo do Náutico e centroavante oportunista. Com a bola nos pés, ele invadiu na área e, contra um deslocado Maílson, bateu forte para estufar as redes. Tudo parecia resolvido. Não estava.
O Sport aumentou a pressão e foi com tudo ao ataque. Aos 41, Thiago Lopes encontrou Jonas Toró entrando pela direita da área alvirrubra. De cabeça, o ponta arrumou para Mikael, o prata da casa, o artilheiro leonino, a jovem promessa, chegar, na pequena área, cabeceando para o empate. Aí sim, não havia mais o que fazer além de esperar os pênaltis.
PÊNALTIS
Na primeira sequência, bolas na rede para o Náutico, com Jean Carlos, Vinícius e Hereda; e para o Sport, com Iago Maidana, Mikael e Santiago Tréllez. Giovanny, na quarta cobrança, recuou para a defesa de Maílson, mas o VAR apontou que o goleiro estava adiantado. Na repetição, bola na rede. Marquinhos, na sequência, isolou, permitindo o gol do título para os pés de Kieza, que bateu rasteiro, no cantinho, para celebrar a conquista.
FICHA DO JOGO
Náutico 1 (5)
Alex Alves; Hereda, Camutanga (Ronaldo Alves), Wagner Leonardo e Bryan; Djavan (Matheus Trindade), Rhaldney (Marciel) e Jean Carlos; Erick (Giovanny), Vinícius e Kieza. Técnico: Hélio dos Anjos.
Sport 1 (3)
Maílson; Patric, Iago Maidana, Adryelson e Sander; Marcão, Zé Welison (Thiago Lopes), Júnior Tavares e Thiago Neves; Everaldo (Jonas Toró) e Neílton (Marquinhos). Técnico: Umberto Louzer.
Local: Estádio dos Aflitos
Gols: Kieza (32’/2ºT | NAU), Mikael (41’/2ºT | SPO)
Cartões amarelos: Rhaldney, Bryan, Luiz Henrique, Erick, Jean Carlos, Kieza (NAU), Iago Maidana, Santiago Tréllez, Adryelson, Marquinhos (SPO)
Arbitragem: Rodolpho Toski (FIFA-PR)
Assistentes: Kleber Lucio Gil (FIFA-SC) e Guilherme Camilo (FIFA-MG)
VAR: Carlos Braga (RJ)
Por Vitor Aguiar - Diário de Pernambuco
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