O pernambucano João Victor Arruda, de 17 anos, é o único nordestino a ser aprovado no primeiro ciclo de admissão de Harvard, universidade norte-americana mais prestigiada do mundo. Mais dois brasileiros também foram admitidos na instituição de ensino. A seleção teve a taxa de aceitação reduzida em 7,4% e se tornou o ciclo de admissão mais competitivo da história da universidade. Os candidatos aceitos devem iniciar o curso em setembro deste ano.
Para se candidatar a uma das universidades mais prestigiadas do mundo, o recifense João Victor Arruda recorreu ao programa EducationUSA para ter mais chances de ser contemplado por uma bolsa - que possui vários critérios e valor correspondente à necessidade financeira de cada candidato. O programa auxilia financeiramente os estudantes de baixa renda, traduz documentos e fornece mentoria para ajudar no processo de candidatura.
João submeteu a candidatura em setembro do ano passado com o objetivo de receber o resultado antes do Enem 2021. Caso o resultado fosse negativo, ele adaptaria seus planos nesses últimos dias e focaria mais nas provas do Enem e do SSA. O sonho de João era estudar Ciência Política ou Economia em Harvard, mas, se não conseguisse, o “plano B” era cursar Direito no Brasil e investir em uma pós-graduação nos EUA.
Em dezembro, o resultado foi divulgado. Para a felicidade do jovem, ele não foi apenas aceito, mas também conseguiu uma bolsa de 100%. João foi o único nordestino a ser admitido em Harvard neste primeiro ciclo, que, normalmente, é o mais concorrido, principalmente neste ano: foram mais de 10 mil candidatos no mundo todo, e só 747 foram aprovados. Mais dois brasileiros foram admitidos, um de São Paulo e outro do Distrito Federal.
“Foi uma mistura de sentimentos, felicidade, gratidão, e um pouco de ‘não acredito’. Na verdade, até hoje é meio difícil de acreditar. Estudar fora sempre foi um sonho muito distante, e ter visto ele se concretizar ali na tela do meu computador foi uma experiência surreal. Mas, acima de tudo, eu me senti realizado e ansioso pelo que vem pela frente. Definitivamente, foi um sentimento de superação e de que todos os esforços valeram a pena”, conta João.
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A passagem de ida, bem como o apoio financeiro nos primeiros meses, ficou sob a responsabilidade do EducationUSA. E, depois de se estabelecer no local, João deve encontrar um emprego de meio período e se manter durante o resto da graduação.
João conta que pretende voltar ao Brasil depois da graduação no exterior. “Pretendo voltar. Quero seguir a carreira política ou diplomática e contribuir para a construção de um futuro melhor para o nosso país.”
Vida
A admissão em Harvard não foi a primeira grande conquista de João Victor Arruda. Do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, o jovem estudou em uma escola particular de bairro em Camaragibe. A instituição não ofertava ensino médio, e a educação era prioridade para a família de João, mas os pais dele não tinham condições financeiras de matriculá-lo em um colégio particular. Então João decidiu se dedicar aos estudos e conseguiu o 1º lugar em Segurança no Trabalho no Instituto Federal de Pernambuco (IFPE); em Redes na Escola Técnica Estadual, na Caxangá; e no Colégio Militar, onde escolheu cursar o ensino médio.
Por Paloma Xavier - Folha de Pernambuco
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