segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

ISOLAMENTO SOCIAL IMPACTA NO DESENVOLVIMENTO DA FALA DAS CRIANÇAS - APONTA ESPECIALISTA


Experiências sensoriais são determinantes no desenvolvimento cognitivo das crianças. Praias, parques, barulho de buzinas, de animais, da chuva, contato com pessoas de todas as idades são estímulos fundamentais para a formação dos pequenos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), seguindo o marco do desenvolvimento, as crianças devem aprender a falar nos dois primeiros anos de vida.

As primeiras palavras são esperadas até os 15 meses e aos dois anos a fala já deve ser funcional, inclusive com frases curtas. Para a especialista, o confinamento também acabou alertando aos pais por situações que podiam estar passando despercebidas no dia a dia. O caso da pequena Sofia foge um pouco dessa realidade. Com dois anos e meio, Sofia apresenta dificuldade para se comunicar pela fala.

A situação foi identificada pela mãe, Suelayne Manoela, 30, que imediatamente procurou um profissional em busca de solução. De acordo com a fonoaudióloga, Karina Oliveira, a procura de famílias ao consultório para tratar atrasos no desenvolvimento da fala e da linguagem em crianças com idade entre um ano e meio e dois anos aumentou consideravelmente nos últimos meses. “É real o aumento no número de crianças que estão apresentando dificuldade na fala devido ao isolamento social, provocado pela pandemia de Covid-19”, explica.

A profissional justifica que o retardo vem se dando devido à falta de estímulo, vivência e interação das crianças com outras crianças e até mesmo com outros adultos, além de seus pais e responsáveis. “Nesta idade, entre 1 ano e meio e 2 anos, essas faltas causam um impacto grande. O ambiente em que a criança vive é determinante para o seu desenvolvimento cerebral. Sua rede, seus contatos diários afetam diretamente diferentes partes cognitivas. É preciso estimulá-las em casa e, dependendo do nível de comprometimento, tratar com a ajuda de um profissional especializado”, detalha Karina. 

Há quase um ano de pandemia, é inegável as mudanças acarretadas para todas as faixas etárias, mas a primeira infância foi uma das mais comprometidas, visto que o desenvolvimento desse público se dá especialmente pelas experiências vividas. A limitação de pessoas para socializar pode dificultar o processo de evolução. “Sofia já vinha falando algumas palavras, mas com a pandemia parece que desacelerou de vez. Ficamos muito preocupados. Conversei com amigos que têm filhos quase na mesma idade, procurei informações na internet e acabamos buscando ajuda médica”, explica a mãe da menina. 

Ainda não há levantamentos oficiais no Brasil, mas um estudo feito no ano passado pela província chinesa de Xianxim, com 320 crianças e adolescentes, apontou que na pandemia os efeitos psicológicos mais evidentes foram: dependência excessiva dos pais (36%), desatenção (32%), preocupação (29%), problemas de sono (21%), falta de apetite (18%), pesadelos (14%) e desconforto e agitação (13%).

Fonte - Diário de Pernambuco

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