terça-feira, 15 de dezembro de 2020

MEIO AMBIENTE - CEPAN MOBILIZA SOCIEDADE PARA RESTAURAR CAATINGA NA CHAPADA DO ARARIPE


Propriedades rurais situadas na região da Área de Proteção Ambiental (APA) Chapada do Araripe, entre Pernambuco, Ceará e Piauí, recebem atividades de reflorestamento a partir de janeiro de 2021. O Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) conduz, neste final de 2020, as ações de planejamento do projeto “Recuperação de Áreas Degradadas na Chapada do Araripe”, que visa recuperar 100 hectares de áreas degradadas para reduzir impactos ambientais e climáticos na região.

Desde abril de 2020, o Cepan trabalha na elaboração de um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) específico para a região do Araripe, contemplando suas necessidades e características. O desafio do projeto é restaurar o capital natural na APA Chapada do Araripe e no entorno da Floresta Nacional (FLONA) do Araripe-Apodi através de oportunidades socioeconômicas para a população local.
“Nossa intenção é movimentar uma cadeia produtiva da restauração, ligando e potencializando os seus elos, e gerando oportunidades de renda para as famílias envolvidas”, comenta Emanuelle Souza, analista de projetos do Cepan à frente da iniciativa. Através de um edital de convocação e contatos estratégicos, o Cepan já identificou 57 atores diretamente ligados à cadeia produtiva, entre viveiristas, agrofloresteiros, brigadistas, órgãos de gestão, entre outros.

Em setembro, o Cepan visitou pessoalmente iniciativas, visando formalizar uma frente de restauração para a região. Foram visitados o Viveiro Municipal do Crato, a Sociedade Anônima de Água e Esgoto do Crato, a ONG BEATOS e a Associação dos Agricultores(as) Familiares da Serra dos Paus Dóias (Agrodóia). A instituição reuniu-se ainda com conselheiros e gestores do Núcleo de Gestão Integrada Araripe – responsáveis pelas Unidades de Conservação (UCs) que são alvos do projeto. Dialogou também com comunidades como Chico Gomes, Terreiro das Pretas e proprietários dos Sítios Araçá, Pau Preto e Estrela. Foram identificadas iniciativas como a Estação de Permacultura Zaíla Lavor, na instituição de mesmo nome, e o sítio do Sr. Manoel Pedroza, que executa atividade de coleta de sementes.
Novamente em visita à Chapada do Araripe neste fim de ano, a instituição iniciou os planejamentos para execução das primeiras restaurações a partir de janeiro, em propriedades que já aderiram ao projeto. O intuito é identificar mais áreas a serem beneficiadas com reflorestamento ou sistemas agroflorestais. Além disso, o Cepan quer mobilizar potenciais coletores de sementes e produtores de insumos, principalmente os oriundos de comunidades extrativistas, que poderão compor o início de uma Rede de Sementes nativas da região, iniciativa fundamental para conduzir a restauração.

A Chapada do Araripe se encontra no domínio da Caatinga, um dos biomas mais ameaçados do mundo e que em 2020 apresentou centenas de focos de calor e também alto índice de desertificação. A região também abriga vários tipos de fitofisionomias, como mata úmida, cerrado e carrasco, que atribuem à Chapada características únicas. “Recuperar esse bioma é urgente não só para proteger a biodiversidade, mas também para garantir o bem-estar das populações que ali vivem e usufruem dos serviços ecossistêmicos”, argumenta Emanuelle. 
Interessados em aderir ou colaborar com o projeto podem sinalizar através dos e-mails araripe@cepan.org.br e emanuelle@cepan.org.br, ou ainda através de telefone (81) 99874-0185.

SOBRE A INICIATIVA - O Projeto “Recuperação de Áreas Degradadas na Chapada do Araripe” é conduzido pelo Cepan com apoio do Projeto GEF Terrestre, em parceria com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) por meio do Ministério do Meio Ambiente e do Governo Federal. Mais informações: https://cepan.org.br/recuperacao-de-areas-degradadas-na-chapada-do-araripe/.
SOBRE O CEPAN – O Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste é uma instituição privada sem fins lucrativos, fundada no ano 2000, que tem como missão gerar e divulgar soluções estratégicas para a conservação da biodiversidade mediante ciência, formação de pessoas e diálogo com a sociedade. Com sede no Recife/PE, atua em planejamento, coordenação e execução de projetos de conservação da biodiversidade brasileira em consonância com seus Programas: Valoração do Capital Natural, Apoio à Conservação da Fauna e Flora, Indução e Implementação de Políticas Públicas Ambientais e Conservação de Áreas Costeiro-Marinho. Suas atividades se dão via parcerias com entidades locais, regionais, nacionais e de outros países, além de diversas instituições do primeiro, do segundo e do terceiro setor.

Por Milton Raulino

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