sábado, 21 de novembro de 2020

CASO JOÃO ALBERTO - UNIDADE DO CARREFOUR EM SÃO PAULO É APEDREJADA POR MANIFESTANTES


A fachada de um supermercado Carrefour de São Paulo foi apedrejada por manifestantes no início da noite desta sexta-feira (20). Chegaram a entrar na loja e deixaram uma boa parte do mercado destruída. Carros de clientes também foram atingidos. A Polícia Militar, até o momento, não interferiu na manifestação e o Carrefour está mantendo os clientes abrigados dentro da unidade, que é um das maiores da capital paulista, localizada no Jardim Pamplona Shopping, nas proximidades da Avenida Paulista. As lideranças do movimento chegaram a pedir para os manifestantes não atacarem o mercado, que fica dentro de um shopping na área nobre de São Paulo. 

João Alberto Silveira Freitas, um homem negro, foi morto por um segurança do supermercado em Porto Alegre, na noite de quinta-feira (19). O vídeo do momento da morte do homem circula nas redes sociais desde a manhã desta sexta e causa revolta em todo o Brasil. Nas imagens, é possível ver pessoas gritando para que as agressões cessassem. O laudo da morte aponta que o homem morreu por asfixia. 

Manifestação

Parte dos manifestantes que acompanhavam a marcha do Dia da Consciência Negra em São Paulo se distanciou da passeata e foi até à loja do Carrefour. O grupo arremessou pedras e destruiu a fachada do shopping onde fica o supermercado. Alguns carros que estavam estacionados em frente ao comércio foram atingidos pelas pedras e tiveram os vidros quebrados. O ato durou poucos minutos e não há relato de feridos até o momento.

Militante do Movimento Negro e da educação popular, Douglas Belchior, mais conhecido por Negro Belchior, afirmou que o ato vem como uma "senha" em resposta à falta de reconhecimento do presidente Jair Bolsonaro à existência de racismo. "As palavras, a política e o diálogo não têm sido suficientes. Precisamos reagir com o mesmo peso das mãos que nos matam diariamente".

Em Porto Alegre, manifestantes chegaram a pular as grades do supermercado onde ocorreu a morte. Houve ato de vandalismo e pixação, mas a Polícia Militar jogou gás lacrimogêneo e dispersou o grupo.

A unidade do Carrefour de Brasília também tem manifestação nesta sexta.

O que diz o Carrefour

"O Carrefour informa que adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso. Também romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão. O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário.

O Carrefour lamenta profundamente o caso. Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente. Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais."

O que diz a Brigada Militar

"Imediatamente após ter sido acionada para atendimento de ocorrência em supermercado da Capital, a Brigada Militar foi ao local e prendeu todos os envolvidos, inclusive o PM temporário, cuja conduta fora do horário de trabalho será avaliada com todos os rigores da lei. Cabe destacar ainda que o PM Temporário não estava em serviço policial, uma vez que suas atribuições são restritas, conforme a legislação, à execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento, e, ainda, mediante convênio ou instrumento congênere, guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos. A Brigada Militar, como instituição dedicada à proteção e à segurança de toda a sociedade, reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais, e seu total repúdio a quaisquer atos de violência, discriminação e racismo, intoleráveis e incompatíveis com a doutrina, missão e valores que a Instituição pratica e exige de seus profissionais em tempo integral."

Fonte - Correio Braziliense

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