sábado, 17 de outubro de 2020

EMPREGABILIDADE - MERCADO PREVÊ 400 MIL VAGAS TEMPORÁRIAS NO FIM DO ANO


Esperança de ocupação para muitos dos brasileiros que chegam ao fim do ano sem renda, o mercado de vagas temporárias prevê a criação de 400 mil oportunidades de trabalho neste fim de ano. O volume, contudo, é menor que o de 2019, quando foram abertas 436 mil vagas temporárias. Afinal, boa parte dos setores que normalmente precisa reforçar o quadro de pessoal para as festas e as compras de fim de ano ainda sentem os impactos da crise causada pela pandemia de covid-19.

Levantamento da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) revela que, nos últimos meses, o número de vagas temporárias até chegou a subir no Brasil. Em agosto, por exemplo, foram quase 200 mil, o melhor resultado para o mês da série histórica da Asserttem. Presidente da associação, Marcos de Abreu explicou que as empresas realizaram um volume muito grande de demissões no início da pandemia e precisaram recompor parte do quadro de pessoal quando as atividades voltaram a operar. Só que, como ainda há muitas incertezas acerca do ritmo dessa recuperação, muitos empresários fizeram essa recomposição por meio de contratos temporários.

"A indústria, que começava a contratar em setembro ou outubro, por exemplo, já contratou em agosto e vem mantendo essas vagas", explicou Abreu, que está otimista quanto à abertura de mais postos temporários nesta reta final do ano. "Nós projetamos 184 mil vagas em outubro, 124 mil em novembro e 97 mil em dezembro. Dá cerca de 400 mil vagas. Mas acredito que pode até passar dos 500 mil, pois muitas empresas ainda estão inseguras de contratar e só devem contratam quando aparecer demanda", disse Abreu.

Boa parte dos setores que respondem pelas contratações temporárias, contudo, não está tão otimista quanto a Asserttem. O varejo, por exemplo, já fechou 409 mil empregos formais neste ano e prevê a criação de 70 mil vagas temporárias neste fim de ano, 20 mil a menos que em 2019. "Será o pior ano em termos de vagas temporárias desde 2016, quando também foram 70 mil contratações", alertou o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes.

Bentes explicou que é esperada uma desaceleração nas vendas varejistas a partir deste mês, por conta da redução do auxílio emergencial e do desemprego. E disse que, por isso, as vendas de final de ano devem ter uma alta de apenas 3%. "O varejo sabe que vai ser um Natal fraco. O setor de vestuário, que é um dos que mais contrata, por exemplo, vem sofrendo bastante com a baixa circulação de pessoas e deve ter uma queda nas vendas. Logo, não deve contratar", explicou.

Os bares e restaurantes, que normalmente ficam cheios com as confraternizações de fim de ano, também não projetam contratações. Afinal, estão operando com a capacidade reduzida e ainda veem muitos clientes com medo de voltar a comer fora por conta do novo coronavírus. Além disso, seguem com boa parte da mão de obra afastada pelos contratos de redução salarial. "Ainda temos muitos trabalhadores com o contrato suspenso ou com a jornada reduzida. Então, o que pode ocorrer é nós chamarmos de volta esse pessoal. Não deve haver contratações temporárias", declarou o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci.

Não bastasse a redução das vagas, mesmo quem vai contratar não sabe se terá condições de efetivar os trabalhadores temporários no início do próximo ano, como costuma ocorrer em parte do comércio. "No ano passado, 3 em cada 10 temporários foram efetivados, porque havia uma expectativa de crescimento em 2020. Agora, contudo, a taxa de absorção tende a ser menor, porque ainda há muitas incertezas sobre a recuperação e é difícil dissipar isso no curto prazo", reforçou Bentes. Hoje, segundo a Asserttem, a taxa de efetivação dos temporários está um pouco acima dos 20%.

Fonte - Correio Braziliense

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