terça-feira, 21 de julho de 2020

ARTIGO - ADAM SMITH E SOLIDARIEDADE - PAIVA NETTO

Adam Smith (1723-1790), economista e filósofo escocês, o chamado pai da economia moderna, escreveu em Teoria dos Sentimentos Morais: 

Por mais egoísta que se suponha o homem, evidentemente há alguns princípios em sua natureza que o fazem interessar-se pela sorte de outros, e considerar a felicidade deles necessária para si mesmo, embora nada extraia disso senão o prazer de assisti-la. (...) 

Por intermédio da imaginação podemos nos colocar no lugar de nosso irmão, concebemo-nos sofrendo os mesmos tormentos, é como se entrássemos no corpo dele e de certa forma nos tornássemos a mesma pessoa, formando, assim, alguma ideia das suas sensações, e até sentindo algo que, embora em menor grau, não é inteiramente diferente delas. Assim incorporadas em nós mesmos, adotadas e tornadas nossas, suas agonias começam finalmente a nos afetar, e então trememos, e sentimos calafrios, apenas à imagem do que ele está sentindo. 

E é justamente quando, sentindo a dor de nossos Irmãos em Humanidade, passamos a perceber o imenso valor que possui a Solidariedade, a Compaixão, a Fraternidade, a Generosidade. Por isso, ao me referir à Solidariedade Espiritual e Humana, quero reforçar que se trata de uma Estratégia Divina, pedagógica, a nos ensinar a viver fraternalmente irmanados. A outra face disso é a perspectiva sinistra da guerra de todos os tipos, que é vigorosamente rejeitada pelo Cidadão do Espírito. 

A respeito da nobre atitude de concórdia a ser exercitada entre os habitantes do orbe, nos fala o radialista e poeta Alziro Zarur (1914-1979) nestas estrofes de seu incomparável: 


Poema da Amizade 

Eu tenho, neste espírito de velho 

Que não compreende a vida em solidão, 

Meu particularíssimo Evangelho: 

Amizade é a minha religião. 

Nem só de feras se compõe o mundo, 

Como proclamam todos os egoístas: 

Basta verificar o amor profundo 

Que transborda nas almas dos altruístas. 

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Mas é preciso que haja em todos nós 

Um pouco de renúncia e de modéstia, 

Uma nesga, uma fímbria ou fraca réstia 

De solidariedade em nossa voz. 

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Cultivemos, senhores, a amizade 

Em suas santas manifestações, 

Sentindo as agonias e aflições 

Das camadas servis da sociedade! 

Por isso eu tenho – espírito de velho 

Que não compreende a vida em solidão – 

Meu particularíssimo Evangelho: 

Amizade é a minha religião. 


Ao encontro dessa verdadeira ode à amizade, apresento, por oportuna, a substanciosa conclusão do monsenhor Gaspar Sadoc (1916-2016), da Igreja Nossa Senhora da Vitória, em Salvador/BA: 

— Quando os amigos estão reunidos, até os ponteiros do relógio param, a gente não sente o tempo passar. A amizade é uma bênção de Deus. 

Dedico-lhes sempre este mantra sagrado da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo: Quem confia em Jesus não perde o seu tempo, porque Ele é o Grande Amigo que não abandona amigo no meio do caminho. 

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor. 

paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

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