segunda-feira, 15 de abril de 2019

PATRULHA AMBIENTAL - VAMOS PROTEGER OS GAMBÁS OU SARUÊ

A Patrulha Ambiental está desenvolvendo um trabalho de conscientização da população em relação a não matança e proteção dos Gambás ou Saruês, como são conhecidos na região do Araripe.


Os marsupiais são chamados assim por causa da bolsa que possuem no abdômen, o marsúpio, e é nela que os filhotes se desenvolvem após o parto. O canguru é um dos mais conhecidos, tem também o coala, que são da mesma ordem Diprotodontia. Dentre essas espécies temos o gambá, as vezes menosprezado, mas tão importante; e também as cuícas, que juntos formam essa grande e interessante família de marsupiais.
Existem no Brasil quatro espécies diferentes de Gambás (Didelphis), que são: Gambá-de-orelha-preta (D. aurita), Gambá-de-orelha-branca (D. albiventris), Gambá-comum (D. marsupialis) e Gambá-amazônico (D. imperfecta). Essas espécies são, por vezes, um pouco complicadas de identificar. Os cientistas utilizam de seu material genético para tal, já que visualmente são muito parecidos, e sua localização, que por vezes não se sobrepõe.
Outros nomes populares do gambá no Brasil: Mucura, Cassaco, Timbú, Sarigué, Saruê, Raposa, Taibu, Micurê, entre outros.  Os Gambás são espetaculares, nascem prematuros e escalam até a bolsa (Marsúpio) da mãe. No marsúpio é que eles vão se desenvolver, crescer, mamar... São protegidos pela mãe por 3 a 4 meses, e como elas podem gerar até mais de dez filhotes por gestação, se tonam lentas nesses períodos. Do terceiro mês em diante ela os coloca em uma toca protegida e amamenta-os ali, vez ou outra, até que possam se alimentar sozinhos.

O Período Reprodutivo dos gambás começa em meados de Julho e posteriormente em Novembro. Esses dados podem variar em alguns indivíduos, variando também pelas condições climáticas. Sendo assim, podemos encontrar mamães gambás com seus filhotes desde julho, até os meses de março/abril.
É muito importante que as pessoas não matem os gambás. Alguns os confundem com o Rato de esgoto (Rattus rattus), que é exótico (invasora no Brasil) e causam problemas de saúde pública, e muitos consideram esses ratos como pragas, exterminando-os. Os gambás também são mortos devido a essa falta de informação, causando impacto na fauna nativa brasileira.
Os gambás são animais de grande importância para nós seres humanos, vamos citar algumas de suas qualidades: Eles comem cobras venenosas nos ajudando então no controle de animais peçonhentos. Isso porque eles possuem uma proteína que bloqueia efeitos locais do veneno, como hemorragia e edema, tornando-os imunes. Com essa proteção fisiológica conseguem enriquecer seu cardápio com Jararacas (Bothrops sp.), Cascavéis (Crotalus spp.), Corais (Micrurus spp.) e diversas outras. Eles são seres fantásticos. 
Pouco se sabe até o momento, mas os Gambás (Didelphis sp.) podem nos ajudar no controle de pragas exóticas como o Caramujo-africano (Achatina fulica). Esse caramujo foi introduzido no Brasil entre 1988 e 1989, sendo considerado uma das piores pragas invasoras no mundo, Além disso, eles nos ajudam na proteção de doenças do carrapato, com o hábito obsessivo de comer, arranhar, lamber e mastigar os carrapatos que vivem na sua pele. Um único gambá pode eliminar cerca de 4000 carrapatos por semana, o que ajuda a prevenir a propagação de doenças do carrapato (Borreliose humana brasileira, Síndrome Baggio-Yoshinari ou doença de Lyme símile brasileira).
Em resumo, os gambás são animais oportunistas, comem o que acharem pela frente, e isso nos ajuda. Eles controlam populações de cobras, serpentes, caramujos, carrapatos, escorpiões, aranhas, ratos, entre outros. 
No entanto, ainda possuem uma qualidade que ajuda na manutenção de florestas. Os marsupiais são grandes dispersores de sementes. A maioria deles são onívoros e eventualmente frugívoros. Consomem uma média de frutos de 34 famílias de plantas.  Em períodos de seca existe uma maior procura por frutos, que está relacionado à quantidade de água disponível nesses alimentos. O processo de dispersão aumenta a probabilidade de germinação das sementes e consequentemente a formação de novos ambientes, contribuindo assim para a manutenção de áreas e preservação das espécies. Na maioria das vezes, quando são consumidas pelos dispersores, as sementes não se desintegram e são encontradas intactas nas fezes. Isso acontece principalmente porque os marsupiais não roem o alimento, possibilitando então um papel mais eficaz na dispersão.
Além disso, um segundo ponto muito importante para a efetiva dispersão é o transporte da semente para locais longe da planta-mãe, e já que os marsupiais são conhecidos por terem uma área de vida extensa, conseguem efetivamente cumprir o papel de dispersores. Caso encontre um gambá por perto de casa, acione os Bombeiros ou no caso da região do Araripe a Patrulha Ambiental, esses animais não são perigosos e caso não os incomode eles irão embora sem prejuízos aos moradores. 
Uma curiosidade muito legal sobre os gambás é que eles utilizam como defesa o comportamento de se fingir de morto. Este mecanismo de defesa é chamado de Tanatose, e é usado por alguns animais, incluindo os gambás. Caso o Gambá se depare com uma situação onde se sinta ameaçado, por exemplo, no encontro com um predador e sem a chance de escapar, ele pode se fingir de morto para que o inimigo desista de atacá-lo. Isso porque a maioria dos predadores não sente atração por presas já mortas. Durante o período de fingimento, os gambás podem alterar as características do corpo, como frequência cardíaca e respiratória, e esses períodos podem durar entre 1 a 30 minutos. 



Porém, muitas vezes quando você ver um nessa situação, ele pode realmente estar morto. Pois, além dos inimigos naturais, eles tem que se deparar com o homem, veículos, cachorros, etc. Portanto, não maltrate esse animal que nos traz grandes benefícios.

Fonte: Projeto Marsupial
Fotos: Leonardo Merçon
Imagens: Google imagens

Ilustrações: Paloma de Souza Martins

Um comentário:

  1. Contando que ele não venha comer minhas galinha, está ótimo. Tive que matar um depois que ele comeu mais de 10 pintos. Um horror

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