A nova empresa a ser criada a partir da compra da linha de aviação comercial da Embraer pela Boeing deverá empregar cerca de 9.000 pessoas no Brasil. Ainda sem nome e conhecida internamente como NewCo, acrônimo em inglês para Nova Companhia, ela deve ter sua criação formalizada nesta quinta-feira (17) pelas fabricantes americana e brasileira.
Os detalhes finais, segundo a reportagem apurou junto a pessoas ligadas ao negócio, ainda estão sendo costurados pelos times jurídicos das duas empresas. Duas questões davam mais trabalho: a composição de pessoal e a equalização da propriedade intelectual da Embraer.
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O negócio foi aprovado pelo governo brasileiro, que possui poder de veto remanescente da privatização da Embraer em 1994, na semana passada. A negociação durou cerca de um ano, e a partir da assinatura os acionistas da empresa brasileira serão consultados em 30 dias.
A expectativa é de aprovação, em especial após a confirmação nesta quarta (16) de que eles receberão US$ 1,6 bilhão em dividendos pelo acordo. A Boeing pagará US$ 4,2 bilhões à Embraer pelo controle de 80% da empresa, enquanto 20% permanecerão com os brasileiros. Em relação ao quadro funcional, ainda não está definido quem irá migrar da "velha Embraer" para a NewCo e quem ficará na empresa.
Ela reteve as linhas de defesa e aviação executiva. A Embraer tem 18,5 mil funcionários, 16 mil no Brasil. O número a ser alocado na NewCo, 9.000, bate com a estimativa do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos sobre a força de trabalho da divisão comercial hoje. A entidade se opõe ao acordo por temer que a "velha Embraer" se torne insustentável, perca postos de trabalho e acesso a tecnologia.
A questão da propriedade intelectual é bastante complexa. Para efetuar a separação da área militar da civil na Embraer, foi necessário redesenhar o departamento de pesquisa e desenvolvimento, que era interligado. Ocorre que a empresa remanescente precisa manter pessoal e capacidade técnica na área civil, dado que continuará a vender jatos executivos. Ao todos, estão sendo analisados 3.000 itens. O transbordo de tecnologia de um lado ao outro, que possibilitou por exemplo a adoção civil do domínio de voo subsônico a jato, também teve de ser encerrado.
Do lado dos novos controladores americanos, há dúvidas sobre a identidade de marca da NewCo. Ela pode vir a se chamar meramente Boeing Brasil, porque não poderá usar o nome Embraer. Já a linha de jatos regionais comprada, estrelada pelos E2, pode ser chamada assim ou virar um produto Boeing. Nos anos 1990, quando a empresa americana comprou a rival McDonnell Douglas, apenas um avião foi renomeado (o Boeing-717, antigo MD-95).
Nesta quinta também será assinado o acordo que cria uma joint venture em que a Embraer tem 51% do controle para a produção e venda do cargueiro KC-390.
A Boeing já fazia a promoção comercial do avião no exterior, sem grande sucesso. A compra de 28 KC-390 pela FAB (Força Aérea Brasileira) seguirá na "velha Embraer", assim como a provável primeira exportação para Portugal.
Para habilitar o avião a ser vendido para os EUA ou utilizando os benefícios do programa americano de vendas militares para outros governos, deverá ser aberta uma linha do KC-390 no país. É o que acontece com os Super Tucano da "velha Embraer". Os royalties de exportação a que a FAB tem direito por ter colocado R$ 5 bilhões no desenvolvimento do avião serão pagos pelo lado brasileiro da joint venture, que é majoritário como os militares exigiram na negociação.
Para aplacar temores de desnacionalização, o acordo deixa claro que a linha do KC-390 em Gavião Peixoto (SP) seguirá funcionando. A questão das linhas ainda precisa ser definida ao longo de 2019, caso o negócio se concretize como esperado. Os jatos comerciais da NewCo continuarão a ser feitos na sede da Embraer em São José dos Campos (SP), mas não se sabe se a aviação executiva ficará por lá num acordo entre empresas ou movida para a unidade de Gavião Peixoto.
Fonte - Folha de Pernambuco
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