A área de solos degradados na Caatinga entre 2007 e 2016, equivale a quase metade do estado do Ceará. Em dez anos, ela se estendeu por mais de 70 mil Km2, segundo informações do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
No estudo, a área considerada degradada foi aquela que permanece descoberta de vegetação com frequência o tempo suficiente para que os efeitos sofridos pelo solo sejam permanentes. Para chegar ao resultado, pesquisadores liderados pelo hidrólogo Javier Tomasella, utilizaram imagens de satélite feitas ao longo de 17 anos, entre os anos 2000 e 2016, com resolução de 250 metros.
Essas imagens mostram a exposição do solo, devido à perda da vegetação, bem como o tempo em que esse solo permaneceu descoberto. Os pesquisadores lembram no artigo que solos que passam longos períodos de tempo descobertos, sem vegetação, estão sujeitos à erosão severa e podem ser usados como referência para conhecer o risco de desertificação das áreas.
A área estudada inclui todos os estados da região Nordeste, além do norte de Minas Gerais, do Espírito Santo, num total de quase 1,8 milhões de quilômetros quadrados, que incluem além de toda a Caatinga, áreas de cerrado e florestas.
A degradação verificada ao longo de dez anos se estendeu por aproximadamente 4% dessa área. A região de maior degradação está concentrada principalmente no interior dos estados da Bahia e Pernambuco, no semiárido nordestino.
A devastação avançou principalmente sobre pastagens e vegetação natural, relacionada segundo o próprio estudo pelo “intenso manejo que da terra que explora recursos naturais além da capacidade de resiliência do ecossistema”.
Os pesquisadores concluíram que, a partir da seca severa de 2011, a degradação dos solos no semiárido foi intensificada, segundo o estudo. A causa apontada pelos pesquisadores foi a seca daquele ano, que elevou o desmatamento para a produção de lenha e carvão vegetal, expondo uma maior área de solo. De acordo com os responsáveis pelo estudo, o método de desenvolvimento vai permitir o monitoramento da região e pode ser usado para avaliar a degradação do solo em outros biomas, como já vem sendo feito no cerrado.
Os estudos foram financiados pelo Ministério do Meio Ambiente e Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) e publicados no International Journal of Applied Earth Observations and Geoinformation. Embora paisagens de vegetação natural possam ter aspecto semelhante ao de degradadas, devido às secas ou ações humanas, elas se recuperam com o retorno das chuvas.
Fonte: www.oeco.org.br
Por Vandré Fonseca
Fotos: Patrulha Ambiental
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