O assassinato de Marielle Franco (PSOL-RJ) despertou uma onda de resistência e revolta, mas também uma série de notícias falsas (fake news) na internet. Comentou-se até que a vereadora, conhecida por defender causas sociais e direitos humanos, tinha associação com o crime e teria sido casada com um traficante. Por isso, o PSOL vai entrar com uma representação junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra declarações injuriosas que têm sido replicadas até por membros do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
"Isso é um duplo homicídio. Estão matando a Marielle pela segunda vez" disse o deputado estadual Marcelo Freixo Freixo, que classificou como uma "perversidade" a divulgação de notícias falsas sobre a vereadora, antes de ato que homenageou Marielle no complexo de favelas da Maré, no Rio, ontem. Mesmo sem citar nomes, Freixo criticou especialmente o posicionamento da desembargadora Marília de Castro Neves, do TJ-RJ, que afirmou em rede social que Marielle havia sido eleita pela facção criminosa Comando Vermelho e teria sido morta por suas relações com o crime. Ele chamou de despreparados os juízes que fazem pré-julgamentos antes da conclusão das investigações.
Nas redes sociais, o PSOL anunciou que vai acionar o CNJ “contra as odiosas declarações da desembargadora Marilia Castro Neves”. “Uma representação criminal por calúnia também será apresentada contra a desembargadora. Nos causa horror e espanto que uma pessoa investida em uma função pública de tamanha importância social volte-se para a disseminação de afirmações deste caráter”, informou o partido, que também estuda “o acionamento judicial contra outras pessoas que atentam contra a honra” de Marielle.
O deputado Alberto Fraga (DEM-DF), por exemplo, teria replicado tweet que fala da suposta relação entre Marielle e o crime organizado. Em Pernambuco, o delegado Jorge Ferreira também teria injuriado a vereadora carioca. Além disso, um vídeo postado na página da “Intervenção Militar no Brasil” no YouTube afirma que Marielle, além de ter sido casada e ter tido a filha de um traficante, defendia e era financiada pelo crime organizado.
Diante disso, a família de Marielle passou a refutar as notícias falsas nas redes sociais. A sobrinha da vereadora, Annie Caroline, por exemplo, usou o Facebook para pedir que as pessoas não importunassem a sua prima – Luyara Santos – dizendo que ela era filha do traficante Marcinho VP e não divulgassem áudios de outras pessoas atribuindo-os à tia. “Por favor, respeitem a dor de todos, seja de quem for, apenas respeitem. E principalmente, não inventem mentiras sobre ela ou alguém da família achando que vai estar passando batido, porque não vai”, escreveu.
Por outro lado, um texto que tem circulado na internet alerta que, apesar da grande repercussão do homicídio da vereadora, ninguém tem falado da dor enfrentada pela companheira de Marielle - Mônica Benício.
Nas redes sociais, o PSOL tem inclusive pedido ajuda no combate a mentiras sobre Marielle. O partido solicita que as pessoas enviem qualquer notícia ou postagem desse tipo para um escritório de advocacia que é tocado por mulheres no Rio de Janeiro. "Em defesa da memória de Marielle, printem todos os posts de ódio e fake news e mandem para contato"ejsadvogadas.com.br", tweetou o partido.
Do Portal FolhaPE
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