O deputado federal Gonzaga Patriota (PSB-PE) explicou na manhã de ontem quarta-feira (08), em entrevista durante o Programa PalavrAberta, na TV Câmara, detalhes da Interligação dos rios Tocantins e São Francisco. A PL 6569/2013 foi aprovada em caráter conclusivo na Câmara dos Deputados em 31 de outubro deste ano e enviada ontem (08) ao Senado, pela Mesa Diretora do Parlamento.
“Este não é um projeto de Gonzaga Patriota. É um projeto do Parlamento, da sociedade brasileira, que obviamente ama o nosso Nordeste. Vamos trabalhar para isso ser aprovado ainda este ano. Acreditamos que com o senador Antônio Carlos Valadares na relatoria, vamos conversar com o presidente [do Senado] Eunício Oliveira e vamos correr, juntos para que a proposta seja aprovada sem emendas, entre novembro e dezembro. Acredito que ainda este ano o presidente Temer a sancione, pois não temos mais como esperar. Passamos 27 anos para aprová-lo na Câmara e espero que passe só 27 dias no Senado”, destacou Patriota ao repórter Juliano Pires.
A proposta já conta com R$ 600 milhões destacados no Orçamento Geral da União através de emenda do deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB/CE). Com atraso no andamento em 2017, o recurso será reduzido em R$ 150 milhões, restando R$ 450 milhões para viabilização do projeto de engenharia. A empresa que dará o pontapé inicial na realização do projeto de viabilidade é a Engesoft Engenharia, que ganhou uma licitação já promovida pelo Ministério da Integração Nacional. “Queremos que a obra seja tocada pelo Exército, que goza de credibilidade no Nordeste pela segurança e durabilidade de seus empreendimentos”, disse.
Segundo Gonzaga, a interligação visa a compensar o suprimento hídrico do São Francisco; melhorar o volume de água no Lago do Sobradinho; aumentar a disponibilidade aquática no semiárido; gerar energia a partir da queda d’água na divisa de Tocantins com a Bahia e possibilitar a instalação de novos polos de fruticultura irrigada. Durante a entrevista, o repórter Juliano recordou que a obra proposta por Gonzaga Patriota é necessária, inclusive, para garantir o sucesso da Transposição – que hoje leva as águas do Velho Chico para diversos estados nordestinos.
“Na época das discussões sobre a Transposição, o Dom Frei Luiz Flávio Cappio – bispo de Barra (BA) – foi contra, fez greve de fome. Mostramos a ele e todos os que eram contrários à Transposição que teríamos 30, 40 m³/s de água retirados do São Francisco, mas que iríamos trazer de 70 m³/s a 300m³/s de água quando o Tocantins estivesse cheio”, lembrou Gonzaga, que aproveitou para explicar o trajeto em detalhes.
O ponto de captação será confluência do Rio Manuel Alves, afluente da margem direita do Rio Tocantins. Do ponto de captação até o encontro com as águas da barragem de Sobradinho, o percurso total será de 743 quilômetros. Porém apenas os primeiros 220 km, entre o Rio Tocantins até o distrito de Garganta – BA, é onde haverá necessidade de obras de engenharia.
“São 220 quilômetros para a adução e elevação da água, a 600 metros de altura, de modo a transpor a Serra Geral de Goiás, na divisa Tocantins/Bahia. A partir daí ela segue por segue por gravidade no leito do Rio Preto, até a confluência com o Rio Grande, por 315 km; desse ponto, segue por 86 km, até desembocar no Rio São Francisco, na cidade de Barra – BA. Desse ponto até a Barragem de Sobradinho, percorre-se mais 122 km”, detalhou o deputado.
O deputado fez questão de ressaltar, ainda, que o projeto não trará impactos para os tocantinenses. “Pelo contrário: esse projeto também trabalha por Tocantins. Faremos eletrificação com água que cai da Serra Geral de Goiás e, a partir dessa região, poderemos construir projetos de irrigação. E a água só será captada em época de cheia, quando o Rio Tocantins tem até 8 mil m³/s de vazão – contra os atuais 300 m³/s do São Francisco. Não vamos tirar água em épocas de dificuldades, como a atual. Vamos tirar somente entre Março e Junho, por exemplo, para encher o Lago de Sobradinho e soltar água para as demais hidrelétricas até a foz do Velho Chico. Isso evitará, também, a invasão do Oceano Atlântico no leito do rio, na divida entre Alagoas e Sergipe”, elucidou Patriota.
Para o parlamentar, o projeto de interligação – que conta, ainda, com total apoio do atual Ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho – precisa ser iniciado em 2018. “O Velho Chico não aguenta mais que dois anos de seca. Com essa falta de chuvas entre Petrolina e Juazeiro, e em todo o Submédio São Francisco, há uma grande ameaça à fruticultura irrigada daquela região. O Vale exporta frutas para Europa, Ásia, gerando milhares de empregos diretos e indiretos. . Pode pedir chuva! Mas é preciso fazer essa parceria com Tocantins. Depois, com o São Francisco cheio, trocaremos riquezas através deste canal com o norte do Brasil. Mas sem a água do Tocantins, tudo isso vai se acabar”, finalizou.
Paula Theotonio
Assessoria de Imprensa
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