O magnata Donald Trump, sem nenhuma experiência política, venceu a eleição presidencial dos Estados Unidos, superando a democrata Hillary Clinton, um terremoto político que leva o país e o mundo a um período de incerteza, que já provocou uma queda brutal nos mercados. "Serei o presidente de todos os americanos", anunciou Trump exultante no discurso da vitória, ao lado da mulher, Melania Trump, e de seus filhos. "Isto foi muito duro", completou, ao agradecer à família.
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"Chegou o momento de os Estados Unidos fecharem as feridas da divisão, devemos nos unir: aos republicanos, democratas e independentes desta nação afirmo que é hora de união", disse Trump.
Em uma mensagem à comunidade internacional, que acompanhou com apreensão a eleição americana, Trump disse: "Vamos tratar a todos com justiça. Todos os povos e todas as nações. Buscaremos terreno comum e não hostilidade; associação e não conflito".
O presidente eleito americano afirmou que a adversária, Hillary Clinton, telefonou para felicitá-lo por sua vitória. Trump disse que os Estados Unidos têm uma "dívida de gratidão" com Clinton.
Pouco antes, o diretor de campanha de Hillary, John Podesta, anunciou que a ex-secretária de Estado não discursaria porque até o momento considerava a eleição indefinida.
Alguns minutos depois, no entanto, a imprensa revelou que ela havia ligado a Trump para reconhecer a derrota. Até o momento, Trump tem 290 votos no colégio eleitoral, de um total de 538, contra 218 de Hillary. Para assegurar a vitória era necessário alcançar 270.
Um a um, após meses de uma campanha repleta de insultos e ataques, o bilionário de 70 anos, conhecido por sua rede de hotéis cassinos, venceu nos estados-chave da Flórida, Pensilvânia e Ohio, que optaram pelo polêmico candidato republicano, acusado de ser xenófobo e sexista, para suceder o democrata Barack Obama.
Os mercados financeiros, que tinham uma clara preferência pela candidata democrata Hillary Clinton, fecharam em forte queda na Ásia e operavam em baixa na Europa.
Hillary Clinton, que sonhava em se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos aos 69 anos, também venceu em estados-chave, como Virginia e Nevada, além dos já esperados Califórnia e Nova York.
Mas isto não foi suficiente. Para garantir a presidência, o candidato precisava alcançar o número mágico de 270 votos no colégio eleitoral, obtidos, na realidade, em 51 mini eleições em cada estado e na capital, Washington.
"Estou devastada, perdi a fé em meus compatriotas, não sei o que nos espera no futuro, me sinto perdida", afirmou Kate Kalmyka, uma advogada de 36 anos que acompanhava, indignada, os resultados em um bar de Nova York.
Divisões
Poucas vezes nas últimas décadas uma eleição presidencial americana foi disputada por dois candidatos tão antagônicos, com visões tão distintas. A mensagem contra o "establishment" representado por Hillary Clinton e seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, funcionou para o republicano.
Trump soube captar o mal-estar profundo com as instituições e os políticos tradicionais.
"Votei em Trump e contra o sistema. Trump diz muitas bobagens porque ele não é um político, não está adestrado. Mas o mais importante para o país é o comércio, as relações internacionais e a economia. E as pessoas estão quebradas, precisam de uma mudança", disse Abteen Daziri, de 38 anos e de origem iraniana.
Depois de 693 dias de drama, insultos e escândalos, a campanha deixou uma população profundamente dividida e exausta. De acordo com uma pesquisa recente, 82% dos americanos se declararam cansados.
Os dois candidatos eram como água e azeite: a advogada Hilarry Clinton é uma figura política há 25 anos, detestada por metade dos americanos, que duvidam de sua honestidade. Esposa do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001), foi primeira-dama, senadora e depois secretária de Estado do presidente Barack Obama.
Trump também soube interpretar como ninguém os temores de uma classe média branca frustrada em um mundo em mutação.
Com seu discurso anti-imigração, impulsivo e corrosivo, denunciado por várias mulheres que afirmaram ter sido apalpadas por ele, Trump marcou para sempre um estilo de fazer campanha política. A liderança do Partido Republicano praticamente deu as costas a ele.
A trajetória de Hillary Clinton como candidata democrata rumo à Casa Branca foi ofuscada pela investigação do FBI contra ela pelos e-mails enviados a partir de um servidor privado no momento em que era secretária de Estado.
O medo de uma vitória de Trump, que chamou os mexicanos de "estupradores" e "narcotraficantes" e que prometeu construir um muro nos 3.200 km de fronteira com o México, além de deportar 11 milhões de pessoas sem documentos no país, mobilizou muitos latinos, a principal minoria do país.
Mas a mobilização não teve o efeito esperado por muitos, já que o candidato republicano venceu na Flórida, que tem uma grande comunidade latina, em um golpe para as aspirações de Hillary Clinton.
Os desafios são enormes e atualmente existe uma grande incerteza no cenário político e diplomático, como as relações com a Rússia ou o envolvimento dos Estados Unidos no conflito da Síria. Na economia, ele terá que lidar com o Tratado Transatlântico de Comércio e Investimentos (TTIP) ou o TPP.
Outra incógnita diz respeito à normalização das relações com Cuba, iniciada pelo democrata Barack Obama.
Maioria no Congresso
Os republicanos conquistaram a maioria no Senado nas eleições de terça-feira e continuarão controlando o conjunto do Congresso americano, algo muito importante para o presidente eleito Donald Trump.
Controlando a Casa Branca e o poder Legislativo, os republicanos terão a capacidade de anular as reformas do presidente Barack Obama e principalmente seu controverso programa de seguro-saúde batizado de "Obamacare".
O controle do Senado, que se soma ao da Câmara de Representantes, também lhes permitirá controlar o processo indicação dos funcionários governamentais de mais alto escalão e dos juízes da Suprema Corte.
O Senado, um terço do qual foi renovado na terça-feira (34 membros), havia oscilado para o campo republicano em 2014, limitando consideravelmente a margem de manobra do presidente Obama.
Da AFP/ Folha de Pernambuco
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