Os partidos iniciam nesta semana a disputa eleitoral mais tensa, curta e sem recursos da história recente da democracia brasileira. Pressionados pelas investigações da Lava-Jato, com novas regras eleitorais e sem financiamento privado para bancar os custos, as legendas disputam mais de 5,5 mil prefeituras em um momento de total descrédito político e pouco mais de um mês após o encerramento do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. “Quem der um prognóstico mínimo ou conseguir estabelecer qualquer meta de vitória nas eleições de outubro estará chutando”, afirmou o secretário-geral do PSDB, deputado Sílvio Torres (SP).
O PSDB, por exemplo, terá cabeça de chapa em cerca de 16 capitais. O partido tem pouco mais de 700 prefeituras e espera melhorar o desempenho. Os tucanos priorizam São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Minas Gerais, além de buscar a reeleição em Manaus, Belém, Maceió e Teresina. Na capital paulista, os tucanos lançaram o nome do empresário João Dória, que consegue estar ainda pior do que Haddad (PT) na corrida eleitoral, aparecendo em quinto lugar.
Mesmo com o PT fora do poder federal, o PSDB vê possibilidades remotas de avançar nos postos petistas no Nordeste. Torres não acredita que a crise política nacional seja fator preponderante nas disputas municipais. “Claro que este assunto será pautado nas capitais. Mas, na maior parte das cidades, é o cotidiano do eleitor que vai pesar na escolha do candidato”.
Disputando as eleições municipais no comando — ainda que interinamente — do governo federal, pela primeira vez desde 1988, o PMDB sabe que será vidraça das críticas da população em um momento de retração econômica e crise política. “Não vamos ficar dizendo, nas campanhas, que a culpa do atual momento político é do PT. Teremos, sim, de mostrar à população que o PMDB é capaz de promover mudanças que retomem o crescimento e garantam a volta do emprego”, explicou o tesoureiro nacional do PMDB, senador Eunício Oliveira (CE). Com 1.041 prefeituras, o PMDB é a legenda que mais comanda cidades no país. “Por isso, não adianta falarem que somos um partido descolado do social. Estamos distribuídos em todo o Brasil”, completou Eunício.
Ressuscitado no cenário nacional após a eleição de Rodrigo Maia (RJ) para a Presidência da Câmara, o DEM apega-se no presente para retomar o brilho do passado. O principal nome do partido nas eleições municipais é o prefeito de Salvador, ACM Neto. “Queremos aproveitar o bom momento vivido pelo partido e marcar, nas eleições municipais, a retomada do nosso crescimento”, disse o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN). “Estamos indo para a reeleição em Vila Velha (ES), em Aracaju (SE) e em Feira de Santana (BA)”, completou.
O PSB também aguarda as disputas de outubro como um momento de reafirmação nacional. O partido já tinha sido o que mais cresceu em número de prefeituras nas disputas municipais de 2012. Mas um acidente de avião, em agosto de 2014, matou Eduardo Campos, presidente nacional da legenda e ex-governador de Pernambuco. “Muitos diziam que encolheríamos, mas estamos lançando candidatos em 14 ou 15 capitais e em 56 das 90 cidades que têm segundo turno para prefeito”, comemorou Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB. Ele lembra que o partido lançou 1,6 mil candidatos a prefeitos e pretende eleger, ao menos, um terço deles. Os socialistas administram 428 prefeituras.
O PT sofre com a imagem arrastada pela Operação Lava-Jato. Tanto que, em cidades importantes, como Rio e Salvador, sequer terá cabeças de chapa. Na capital fluminense, após o rompimento com o PMDB, apoiará a comunista Jandira Feghali. A parceria com o PCdoB se repete em Salvador. “Teremos candidatos em 18 capitais e queremos manter nossas prefeituras na capital paulista e no chamado cinturão vermelho do PT (São Bernardo, Santo André, Osasco e Guarulhos”, afirmou o secretário de organização do PT, Florisvaldo Souza.
(Da redação com o Correio Braziliense)
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