quinta-feira, 23 de junho de 2016

PRATO CARO - FEIJÃO IMPORTADO NA MESA DO PAÍS

Se a safra do feijão anda mal e custando cerca de R$ 10 o quilo, qual a melhor solução? Para o presidente interino Michel Temer, a saída é buscá-lo nos nossos vizinhos, os países do Mercosul. Essa foi a estratégia traçada pelo Governo Federal ao autorizar importação de feijão da Argentina, Paraguai e Bolívia. O objetivo é aumentar a oferta do produto para combater a inflação que está elevando o preço nos supermercados brasileiros.

Para o economista e professor de cenários exteriores da Faculdade dos Guararapes (FG), Tiago Monteiro, essa medida não pode ser avaliada como boa ou ruim ainda, mas que - com certeza - é emergencial. “A tentativa do presidente é de, a curto e médio prazo, diminuir o preço de um alimento fundamental da cesta básica brasileira e, em longo prazo, baixar a inflação”, analisa. Ele acredita que a barganha a ser feita com esses países deverá ser cautelosa e, ainda mais, dependendo da moeda que será negociada. Por exemplo, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, em 2009, o feijão boliviano chegou a terras brasileiras derrubando o preço do produto aqui. Isso demonstra uma experiência positiva, mas, para Monteiro, se a importação for em dólar e o mercado reagir negativamente a essa medida (fazendo subir o câmbio norte-americano), possivelmente será um “tiro no pé”. 

O Governo Federal ainda estuda a importação de países como México e China. Segundo o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, a negociação deverá ser com grandes redes de supermercados para que busquem o produto onde há maior oferta. “Pessoalmente, tenho me envolvido nas negociações com os cerealistas e com os grandes supermercados, para que eles possam fugir do tradicional que se faz no Brasil e ir diretamente à fonte”, disse. 

A Federação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Pernambuco (Fecomércio-PE) não acredita que essa novidade trará uma concorrência direta aos produtores e marcas nacionais, visto que a oferta está escassa e prejudicando o orçamento das famílias. “Inicialmente, será algo positivo. Porém, só depois - e se houver continuidade a essa política de importação, poderemos avaliar se atingirá o mercado interno”, comenta o economista da federação, Rafael Ramos. “Por ora, é só uma tentativa de controlar o preço estratosférico do produto”, completa.

Da Folha de Pernambuco

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