Somado à crise econômica, o reajuste de 13,75% aprovado no início do mês já começa a afastar os usuários dos planos de saúde. A estudante Flaviana Gomes, por exemplo, esforçava-se para continuar com o serviço mesmo com a saída do estágio.
Ao calcular o impacto do aumento, no entanto, percebeu que a assistência médica já não cabia mais no bolso. Por isso, cancelou o plano de saúde junto com o marido. E o casal não foi o único. Só em maio, 30,7 mil pessoas deixaram o serviço, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
“No início de maio, a operadora já informou o valor reajustado. O plano, que contratamos por R$ 200 há quatro anos, passaria para R$ 400. Já não batia mais com a nossa condição financeira, por isso cancelamos”, contou Flaviana, admitindo que foi difícil fazer esta escolha. Ela explica que, sem o serviço, não vai ter mais acesso aos hospitais que frequentava e talvez adie até o projeto da gravidez. “Foi o maior corte que já fizemos, mas não podíamos reduzir mais nada. Precisamos continuar pagando a faculdade, o carro, a feira e a energia, que também subiu muito”, reclamou.
A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) e a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) reconhecem que o cenário econômico tem impacto diretamente o setor. A Abramge explica que, com a alta do desemprego, que fechou 1,5 milhão de postos de trabalho no ano passado, “as pessoas estão perdendo seus planos empresariais e também a capacidade de pagamento de planos individuais/familiares”.
É por isso que, mesmo já tendo perdido 1 milhão de usuários em 2015, a associação estima que o número de beneficiários caia mais 1,2 milhão neste ano. O número é alto, mas, caso não haja mudanças no setor, deve mesmo ser batido. Segundo a ANS, 788 mil pessoas já saíram dos planos de saúde nos cinco primeiros meses deste ano. De acordo com a agência, eram 49,3 mil usuários em janeiro, mas este número já caiu para 48,6 mil em maio.
Coletivo
Apesar de ter acompanhado a queda do setor no ano passado, os planos de saúde coletivos empresariais registraram leve alta em maio. Segundo a ANS, a modalidade ganhou seis mil usuários. Para o advogado Diogo Santos, do Instituto Apolo, a alta pode ser explicada pela procura de planos mais baratos que os individuais.
Prova disso é que os panos odontológicos também tiveram alta de 0,82% em maio. “O preço inicial dos coletivos atrai, mas não recomendo a migração porque no coletivo os reajustes são maiores e o risco de ter o plano suspenso, caso necessite de um tratamento alto, também”, pontou Santos.
Da Folha de Pernambuco
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