A perícia que investiga a morte de Beatriz Angélica Mota aponta que ao menos cinco pessoas estão envolvidas no crime. Segundo a Polícia Civil, que na terça-feira (29) apresentou novas informações sobre o caso, o assassinato da menina de 7 anos foi premeditado, e os suspeitos conheciam a escola onde ela estudava.
Beatriz foi morta com mais de 40 facadas no dia 10 de dezembro durante uma festa de formatura na quadra do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, um dos mais tradicionais de Petrolina, no Sertão de Pernambuco.
No dia do crime, Beatriz estava acompanhada do pai e professor da instituição, Sandro Romilton; da mãe, Lúcia Mota, e da irmã mais velha, que estava entre os formandos. O corpo foi encontrado cerca de 40 minutos depois que a criança saiu de perto da mãe para beber água e não voltou mais.
Desde o dia do crime, as informações colhidas pela polícia estavam sob sigilo para não atrapalhar o andamento das investigações.
Suspeitos
Segundo o delegado responsável pelo caso, Marceone Ferreira, e o perito criminal Gilmário Lima, quatro homens e uma mulher foram identificados e podem estar envolvidos na morte de Beatriz.
Um dos homens aparece nas imagens da cobertura oficial do evento, visivelmente nervoso, perto do horário do crime. Outro negou ter estado dentro da quadra, mas imagens da festa mostram o contrário.
O terceiro suspeito pediu para não trabalhar dentro da quadra no dia da formatura e disse à polícia que não esteve em momento algum no local, mas testemunhas o viram na festa.
O quinto suspeito, um vigilante, foi visto entrando em uma sala vazia, onde ficou cerca de 1h40, quando deveria estar em outro setor. “Esse personagem ficou dentro dessa sala e só saiu quando o crime certamente já havia acontecido. Ele teve uma atitude realmente inexplicável. Ele tinha inclusive a função de vigilância da escola e estava na verdade dentro de uma sala, no momento que o crime aconteceu”, disse Marceone.
A polícia ainda suspeita de uma mulher que aparece nas imagens seguindo em direção à área onde o corpo foi achado. De acordo com o delegado, todos os suspeitos mentiram ou caíram em contradição nos depoimentos.
Sobre a identidade dos cinco, Marceone disse que não pode adiantar informações, mas enfatizou que os envolvidos conheciam o colégio.
“São personagens que preferimos não identificar inicialmente. Mas, são pessoas de dentro da escola. Gostaria de fazer uma ressalva de que uma coisa é um funcionário eventualmente ter participado, ou sabia ou está com medo de falar o que sabe, uma coisa é o funcionário ter envolvimento com a situação outra coisa é a escola. Mas, esses personagens são pessoas que trabalham na escola”, esclareceu o delegado.
Local do crime
Ainda segundo a perícia, realizada pelo Grupo Especializado em Perícias de Homicídios, o local onde o corpo de Beatriz foi encontrado não apresentava vestígios de que o crime ocorreu ali. Não havia fuligem no corpo da criança, o que aponta que ela não entrou no local andando ou arrastada.
A polícia divulgou ainda que o local onde o corpo foi achado estava absolutamente escuro à noite, que é de difícil acesso e ainda estava interditado, porque no dia 16 de outubro ex-alunos do colégio atearam fogo na área. Após o incêndio, a sala foi desativada, ficando cheia de fuligem e de objetos queimados.
"Ocorreu a execução do crime em um outro local da escola, a criança foi transportada e jogada dentro do depósito, atrás do armário. Isso é uma conclusão que a polícia cientifica chegou. O laudo só saiu agora e por isso estamos fazendo essa divulgação. Isso traz questionamentos, como se deu toda essa logística confirma a probabilidade de que mais de uma pessoa teve participação", disse o delegado Marceone Ferreira.
Antes de Beatriz, uma outra criança também teria sido abordada por um homem de camisa verde, que pediu ajuda para 'ir buscar uma mesa', na área do bebedouro. Assustada, a criança não aceitou e saiu correndo.
Nove testemunhas descreveram o homem de camisa verde, em um local próximo onde o corpo de Beatriz foi encontrado. Quatro pessoas foram submetidas a sessões para a produção do retrato falado do suspeito, com dois peritos, sendo um da Polícia Federal e outro da Polícia Civil de Pernambuco.
“Ele foi visto por várias testemunhas que confirmam essa mesma pessoa lá. Então, essa pessoa suspeita, quando a criança desceu, ele estava lá no bebedouro. Isso está comprovado dentro da investigação e estava só. A pessoa que abordou a criança, foi ele. Não tinha outra pessoa ali. Não resta dúvidas de que ele é um dos autores direto do crime", comentou Marceone.
Chaves
Outro fato novo apresentado pela polícia diz respeito ao sumiço de três chaves que dão acesso a áreas do colégio. Segundo o delegado, o sumiço foi notado pela direção 10 dias antes do crime.
"Esse molho de chaves teria passado por um segurança e dois assistentes disciplinares, que ao final do dia, registraram em um livro de ocorrências o fato. As três chaves que sumiram fecham uma triangulação perfeita para a rota de entrada e fuga de suspeitos”, destacou Ferreira.
Crime
O corpo de Beatriz foi encontrado na noite da festa, por volta das 22h50, cerca de 40 minutos após ter desaparecido. Ela tinha ferimentos de faca no tórax, membros superiores e inferiores. A faca usada no crime foi encontrada próximo à criança.
O local onde o corpo de Beatriz foi achado fica a 54 metros de uma câmera do circuito interno de segurança do colégio. Fotos apresentadas pela polícia mostram a qualidade das imagens comprometidas por causa da escuridão, no provável momento da execução do crime.
No dia do assassinato, a maioria das pessoas estava concentrada na quadra e uma pequena parte nas imediações. O evento contava com a participação de aproximadamente 2.500 pessoas, entre pais, alunos, formandos, convidados e funcionários.
Quatro seguranças trabalhavam no local, sendo dois na portaria principal de entrada dos formandos e convidados, um dentro colégio e um na porta da frente.
O colégio possui uma área de 20 mil metros quadrados, o maior do Sertão Pernambucano, com 90 anos de funcionamento. A escola possui cerca de 200 salas. Para a polícia, a área onde o crime pode ter ocorrido é de uma região de 2.250 metros quadrados.
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Fonte - G1 Petrolina
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