Embora a disputa pela Casa Branca se restrinja na prática ao duelo histórico entre o partido Republicano e o Democrata, quase 200 pessoas tentam chegar ao posto mais poderoso do mundo como candidatos presidenciais independentes, levantando bandeiras que em muitos casos passam ao largo das tradicionalmente debatidas: terrorismo, emprego e política externa. O filho de brasileiros Rod Silva é um desses candidatos. Fluente em um português carregado de “erres”, ele explica que pretende fazer o americano trocar o bacon pelo peito de frango, apostando em uma campanha que defende a melhoria na qualidade da alimentação dos americanos.
Em 2012, 143 candidatos independentes disputaram a presidência. Em 2016, até agora, de acordo com o site especializado Politics1, são 197 pretendentes. Dono da rede de franquias Muscle Maker Grill, fundada em 1995, Rod, 43 anos, serve em mais de 60 unidades pratos que fogem do cardápio carregado de gordura. O empreendedor exibe músculos proeminentes, pele bronzeada e dentes que parecem recém-saídos de uma sessão de clareamento. “Mas aqui é tudo natural”, garante.
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A missão declarada dele é livrar os clientes de futuras pontes de safena, problemas com a obesidade e com o coração. Questões que não dominam os grandes debates, mas que preocupam a população. De cada três americanos, um é obeso, segundo estudo do Instituto Gallup divulgado em 2014. O número só cresce: em 2008, um quarto deles estava nessa situação. “Foi a morte do meu pai (natural de Santos, em São Paulo) por ataque cardíaco que me fez dar mais atenção a isso”, afirma ele.
Para o empresário, embora os assuntos mais discutidos nessa eleição sejam a desigualdade de renda e a evolução da economia, é justamente a falta de uma alimentação equilibrada que precisa ser defendida para todas as faixas etárias. “Cuidar disso é olhar também para economia. A população doente torna a economia vulnerável.” Rod diminui o tom da voz, suspira, como se estivesse preparando o anúncio da cartada decisiva que fará dele o 45º presidente do Estados Unidos: “Eu comecei há 20 anos com uma grelha, não tinha mais nada e cresci. Sei administrar na dificuldade e fazer crescer uma empresa, assim como farei com o país.” Dessa forma, coloca-se como a real personificação do american dream (sonho americano).
Pai de dois filhos e casado com uma americana, o candidato marombado defende ainda uma economia em que o Estado esteja menos presente na vida das pessoas, embora não se declare nem liberal nem conservador. Sobre uma das maiores polêmicas dessas eleições, a entrada e permanência de imigrantes, ele sustenta que as leis sejam cumpridas, sendo respeitados os direitos de pessoas que, assim como o pai dele, chegaram lá legalmente e ajudaram na construção da América.
INVESTIMENTO
Diante de uma campanha presidencial que deverá girar na casa dos bilhões de dólares, a tentativa de Rod será mais modesta. Ele pretende investir mais US$ 100 mil (R$ 400 mil) nessa empreitada. Para efeito comparativo, os gastos com as eleições norte-americanas em 2012 bateram o recorde e chegaram à casa dos US$ 6 bilhões, tornando-se a disputa mais cara da história do país. De acordo com a Comissão Eleitoral Federal, foram US$ 700 milhões a mais que no pleito de 2008.
Se a verba é pequena, a confiança se mostra maior que os quase 8 mil quilômetros percorridos pelos seus pais de Santos até Nova Jersey: “Tenho que ser confiante, o povo americano precisa da minha mensagem”. Numa eleição em que dois extremistas e um socialista lideram as intenções de votos contra todos os prognósticos feitos antes das campanhas pelas primárias, a vontade e o entusiasmo de Rod parecem seguir na mesma lógica – ou falta dela – da eleição que se avizinha.
Cenário de imprevisibilidade que o impulsiona com mais força do que costumam ficar seus clientes, ou ele próprio, após horas na academia e a ingestão de suplementos a base de whey protein, peito de frango ou batata doce. “Juntos, podemos tornar a América a nação mais saudável do mundo novamente”, arremata.
Do JC OnLine
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