Diante dos acontecimentos políticos e econômicos, parlamentares e cientistas políticos foram procurados pelo JCpara avaliar o cenário para este semestre. Oposição e governo concordam em um ponto: tempos difíceis vêm por aí. “A crise ainda não chegou no fundo do poço, mas o governo atingiu o volume morto”, resume o deputado federal Mendonça Filho (DEM). Betinho Gomes (PSDB) tem opinião semelhante: “nos próximos meses, a situação deve piorar”.
Aliado de Dilma, o senador Douglas Cintra (PTB) também considera a crise “muito séria”. “Ela é 20% econômica e 80% institucional”, descreve. “Temos que trabalhar para que essa situação se resolva. Cabe a todos pensar no que será melhor para o Brasil. A oposição tem que parar de votar contra as propostas de Dilma só porque está no outro lado. Isso é politicagem, é desserviço ao País”, acusa. Já Humberto Costa (PT) exprime um viés otimista. “Dilma vai aproveitar a oportunidade que surgiu com o rompimento de Eduardo Cunha e criar condições para melhorar a governabilidade política, avançando também no campo da economia”, adianta. Sílvio Costa (PSC) vai além: “incentivando o pessimismo, a crise vai piorar. Eu acredito que vamos controlar a inflação, que o emprego vai crescer, que a economia vai reagir”, apregoa.
Os adversários de Dilma afirmam que seu atual mandato é natimorto. “É por isso que seus aliados já pensam em 2018. O PT não tem mais o que oferecer nem a eles, nem ao País”, ataca Betinho Gomes. “Dilma está governando como a Rainha da Inglaterra, de forma decorativa, sem domínio sobre as agendas política e econômica. Está isolada, enfraquecida”, concorda o cientista político Thales Castro, da Universidade Católica de Pernambuco. Segundo ele, a atual conjuntura se assemelha, embora seja causada por razões distintas, às crises que levaram à renúncia de Jânio Quadros em 1961 e ao suicídio de Getúlio Vargas em 1954. “Só que Dilma não tem perfil para agir como nenhum dos dois”, ressalva.
A possibilidade de um impeachment segue gerando controvérsia. “Ainda não há imputação de nenhum crime diretamente à presidente Dilma, no exercício de seu segundo mandato. A oposição tirou o pé do acelerador, porque não há democracia sem o cumprimento das regras do jogo, que são dadas pela Constituição”, diz o também cientista político Isaac Luna, da Faculdade dos Guararapes. Os opositores de Dilma, cautelosos, aguardam o julgamento das contas federais pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e a análise das denúncias de abuso na campanha recebidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
APREENSÃO TAMBÉM EM PERNAMBUCO
A perspectiva de prejuízos afeta os brasileiros também em termos locais, e os pernambucanos estão tão apreensivos quanto seus demais compatriotas. Na avaliação dos políticos de todas as correntes, temos uma ligeira vantagem pelo fato de que recebemos um alto grau de inventimentos estruturadores durante o binômio Lula-Eduardo Campos.
“O Estado viveu um experiência muito significativa. Foi muito favorecido durante este ciclo de crescimento, mas agora isso se encerrou e será preciso buscar alternativas para manter a regularidade fiscal e econômica”, alerta o cientista político Isaac Luna.
“Deve haver um momento de paralisia, de retração”, lamenta Mendonça Filho. “Sofreremos um impacto negativo, tanto é que Paulo Câmara já anunciou cortes em setores secundários, como tem que ser. É necessário haver precaução diante do que está por vir. Todos estamos sentindo os efeitos da irresponsabilidade e má condução da gestão do PT. Mas, em Pernambuco, pelo menos não temos uma crise política”, aponta Betinho Gomes.
Os aliados de Dilma parecem mais confiantes em relação ao futuro da economia local. “No todo, a tendência é que venhamos a sofrer menos que a maioria dos brasileiros”, avalia Douglas Cintra, citando nosso histórico recente de investimentos.
“Vamos enfrentar as mesmas dificuldades do resto do País. O que pode fazer diferença, por exemplo, será a questão do HUB da LATAM (primeiro centro de conexões de voos domésticos e internacionais no Nordeste do grupo formado pela brasileira TAM e pela chilena LAN). Sou uma das pessoas que mais têm trabalhado neste sentido, porque sei que é algo que interessa a Pernambuco. Não se pode deixar de agir por conta de termos adversários à frente do governo do Estado”, destaca Humberto Costa, para quem há boas chances da economia se reestruturar e a distribuição financeira entre Estados e municípios se fortalecer caso o governo federal consiga aprovar medidas como o repatriamento de recursos, a unificação do ICMS e a desoneração.
Do JC OnLine
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