A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, reconheceu ontem o que chamou de “sucesso” do PT, mas disse que o partido da presidente Dilma Rousseff “repete a fórmula”, o que o torna “conservador”. “Na década de 80, o PT tinha a palavra nova, produziu um processo de atualização. Alguém consegue imaginar a estrutura sindical no mesmo padrão getulista? Consegue imaginar a política sendo exercida pelos mesmos grupos? Não. Houve uma atualização. O problema é que quando você tem sucesso a tendência é repetir a fórmula e, ao repetir a fórmula, você se torna um conservador e não consegue perceber a palavra nova, mas ela virá de alguma forma. Ninguém consegue reter”, disse a candidata durante encontro com empreendedores em São Paulo.
Desde que disparou nas pesquisas e se tornou a única via capaz de vencer Dilma no segundo turno, Marina está sob ataques do PT, partido do qual foi filiada por 24 anos. A candidata se diz vítima de “uma indústria de boatos e mentiras”, mas tem respondido publicamente aos petistas. A ex-senadora voltou a usar metáforas para falar sobre o momento político que está vivendo, comparando seus adversários à figura do “carrasco”. “A palavra nova é vista pelo carrasco como uma heresia. Ele tem a palavra velha, que impede a mudança, que interdita a mudança. Então ele te acusa de heresia e corta seu pescoço, para que a palavra nova não circule. Eu vejo isso acontecendo no Brasil"
Marina reafirmou seu compromisso de enviar uma proposta de reforma tributária ao Congresso Nacional já no primeiro mês de seu governo, caso seja eleita em outubro. Entre os pontos, estão “a justiça tributária, a transparência e a simplificação”.
DILMA PEDE RESPEITO ÀS OPINIÕES
Em sua já tradicional coletiva de imprensa realizada no Palácio da Alvorada, nessa terça-feira, a presidente Dilma Rousseff (PT), fez uma crítica velada ao parecer do procurador-geral eleitoral, Rodrigo Janot, em que defende a suspensão de um programa da petista que critica a proposta de Marina Silva (PSB) sobre a autonomia do Banco Central. Para a presidente, a posição de sua campanha é uma opinião que “deve ser respeitada”. “Não acho que seja marketing selvagem. Pode ser que as pessoas não gostem do que nós falamos. Agora, é uma opinião. E crime de opinião no Brasil é algo ultrapassado. Eu fui para a cadeia por crime de opinião e sei perfeitamente que na democracia a opinião deve ser acolhida. Cada um tem o direito de fazer a sua parte. Isso também é democrático. O procurador acha isso, outra pessoa acha aquilo. O que eu estou dizendo é que nós estamos externando uma opinião e ele deve ser respeitada”, disse.
Dilma também exaltou o resultado do Brasil em relatório divulgado ontem pelas Nações Unidas, que indicou que o país superou o problema da fome. Segundo o documento, existem 3,4 milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar, o que corresponde a 1,7% da população nacional. “É a maior demonstração de que o sonho de uma geração de um país sem fome e sem miséria está sendo realizado”, afirmou, reconhecendo, porém, que a erradicação completa da fome, uma das suas metas quando assumiu a Presidência, não foi cumprida.
Em uma tentativa de se aproximar do eleitorado mais conservador, Dilma defendeu, de modo mais enfático, a família como forma de reforçar os valores, a redução da violência e a democracia. Ao explicar o que entende como família, Dilma afirmou que existem diversos tipos de núcleos familiares, mas evitou citar uniões de casais homossexuais. “A família, é sem sombra de dúvida, a grande unidade, a célula protetora da sociedade”, afirmou. De acordo com Dilma, o governo respeita todos os tipos de uniões entre pessoas e garantiu que não tem pretensões de alterar a legislação vigente sobre o assunto. Atualmente, a união estável entre pessoas do mesmo sexo é garantida.
AÉCIO CRITICA VAIVÉM DE MARINA
O senador Aécio Neves, candidato à Presidência pelo PSDB, voltou a criticar a presidenciável do PSB, Marina Silva, a quem acusou de estar adaptando suas propostas para se acomodar ao momento eleitoral. Depois de garantir que tem absoluta confiança de que estará no segundo turno das eleições para disputar com a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, o tucano disse que “agora é a hora em que o eleitor aprofunda sua avaliação”. Em entrevista coletiva em São Paulo, onde a campanha tucana apresentou vídeos em que personalidades da política, esportes e artes declaram apoio a ele, Aécio criticou também a gestão petista, ao prometer acabar com o que chamou de “bolsa-empresário”, referindo-se à política de concessão de financiamentos por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) centrada em grandes empresas.
“A nossa tranquilidade é que nós não precisamos adaptar as nossas propostas às conveniências do momento, com o objetivo de agradar esse ou aquele setor da vida brasileira. Hoje, defendemos aquilo que praticamos durante a nossa vida. Não adianta querermos criar um novo personagem às vésperas da eleição”, disse. Depois, Aécio deixou claro que se referia à candidata socialista. “Quando assistimos, no caso da candidata Marina, a uma mudança de posição em função de pressões de A ou de B, é obviamente uma mudança para se acomodar à realidade eleitoral. Não faço crítica pessoal e acho até que o que PT vem fazendo é inaceitável do ponto de vista dos ataques e de comparações indevidas. O que cobro de todos os candidatos é que digam com clareza aquilo que defendem, que representam”, reforçou.
Aécio reafirmou que a política econômica defendida hoje pela candidata do PSB foi criticada por ela quando estava no PT. “Ela agora defende a nossa política econômica, o Plano Real. Quando nós lutamos muito para implementar, para acabar com inflação que hoje ela combate, nós infelizmente não tivemos a contribuição dela, que, no PT, ajudou o partido a combater o projeto e deu seu voto contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Quando defendemos o agronegócio como uma fronteira vital ao crescimento da economia brasileira, alguns anos atrás, ela apoiava projeto que proibia o cultivo de transgênicos no país”, relembrou o presidenciável.
Apoio em vídeo Ontem, Aécio Neves apresentou, em seu comitê central de campanha em São Paulo, vídeos que serão usados nesta etapa da disputa. Um deles, reúne personalidades tucanas como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-senador Tasso Jereissatti e o governador de São Paulo e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin – favorito disparado nas intenções de voto na capital paulista –, que encerra o vídeo pedindo ao eleitor para votar no companheiro de partido. Em outra peça publicitária, artistas como Zezé di Camargo, a banda Inimigos do HP e os ex-jogadores de futebol Zico e Ronaldo Fenômeno também declaram apoio ao tucano.
Aproveitando o lançamento, o senador tucano garantiu que seu plano de governo será apresentado antes do fim da corrida eleitoral. “Nosso plano não será feito a lápis, será feito a caneta e reproduzirá o que nós pensamos”, insistiu. Aécio Neves não deixou de criticar também a presidente Dilma Rousseff e voltou a ironizar a política econômica do governo do PT.
Financiamento social
Ele afirmou que, se eleito, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai deixar de dar o que chamou de “bolsa-empresário”. Em crítica direta aos empréstimos concedidos pela instituição financeira durante o atual governo a grandes empresas, com recursos do Tesouro Nacional. “No meu governo, o "S" de BNDES será de fato social”, afirmou.
Como exemplo dos setores a serem privilegiados no programa de financiamento de seu governo, Aécio Neves citou a saúde, por meio da concessão de empréstimos a médicos para que construam mais clínicas. Ele afirmou que seu compromisso é construir pelo menos 500 clínicas em todo o país durante um eventual governo tucano. Para garantir a quitação, o pagamento do empréstimo será feito por meio de atendimento à população nas localidades em que as clínicas forem instaladas, via Sistema Único de Saúde (SUS). “Vamos resgatar a capacidade de investimento na saúde” disse.
Fonte - Diário de Pernambuco
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