Foi sepultado por volta das 17h30 deste domingo (5) o corpo do cronista esportivo Mané Queiroz no Cemitério Parque das Flores, no bairro do Sancho, Zona Oeste do Recife. Manuel Marciano de Queiroz faleceu na noite do sábado (4) por falência múltipla dos órgãos no Hospital Prontolinda, na Região Metropolitana do Recife.
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O cronista havia sido internado depois de ter sido atropelado por uma moto no dia 21 de dezembro em sua cidade natal, Caruaru, no Agreste do Estado. No hospital, seu estado de saúde foi piorando, precisando da ajuda de aparelhos para repirar e hemodiálise.
VÍDEOS
O velório foi realizado na Federação Pernambucana de Futebol, no bairro da Boa Vista. De lá, seguiu para o Cemitério Parque das Flores, onde foi recebido por centenas de pessoas, entre familiares, amigos e ouvintes, muitos dos quais não o conheciam pessoalmente.
No momento do sepultamento, as pessoas se juntaram para cantar músicas em sua homenagem. O cronista deixa dois filhos e uma ex-mulher.
TRAJETÓRIA - Com 47 anos de carreira no rádio, Mané Queiroz começou a trabalhar na Rádio Difusora de Caruaru, pelo setor administrativo. Ele passou pela Rádio Jornal, foi para a Rádio Olinda, Rádio Clube entre outras outras emissoras do Estado. No Recife há mais de 40 anos, além de radialista, Mané cursou também economia, historia e psicologia.
(Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem)
DEPOIMENTOS - Em entrevista ao Jornal do Commercio, a filha Rafaela Queiroz (de branco, na foto acima) pediu que as pessoas tentem evitar a tristeza e exaltem a felicidade que Mané tanto nutria. "Ele sempre me pedia: 'quando eu morrer não quero ninguém chorando'. Já chorei muito, mas estou tentando ao máximo evitar sentimentos ruins. Temos que ter força para suportar", contou.
O gerente de programação das Rádio Jornal e JC News, Carlos Miguel, lembrou da dedicação de Mané Queiroz com o trabalho. "Ele voltou para a rádio em 2006, fazendo parte do Escrete de Ouro. Um cara que gostava muito de trabalhar. Era meio maluco, mas muito dedicado ao rádio, vivia o rádio. Como sempre muito irreverente, comentava também notícias fora do futebol", disse Carlos Miguel. "Vai fazer muita falta."
O jornalista José Silvério, também do Escrete de Ouro, conta uma história de 20 anos atrás, quando ele era do plantão da Rádio Jornal e Mané Queiroz da Rádio Clube. "Quando eu dava o placar antes dele, ele ligava para mim, reclamando. E o Aderval Barros, irônico, sarcaástico, disse: 'Mané, não sabe, não? É que eu trouxe um cartão e um rádio dos Estados Unidos (após a Copa de 1994) para Silvério. Ele coloca um cartão de São Paulo, só pega emissora de São Paulo, um cartão do Rio, só pega emissora do Rio, e dá o resultado na frente.' Nesse tempo não tinha internet. E Mané não queria arrumar um rádio desse? Esse rádio nem existia, não existia cartão. Ele era tão puro que acreditava nessas coisas."
Com a voz embargada, o jornalista Marcelo Cavalcante, editor do Blog do Torcedor, falou da admiração por Mané Queiroz. "Para mim, é o dia mais triste da crônica esportiva pernambucana. Tive o prazer de conviver diariamente com Mané, um amigo. Admirava o carisma dele com todo mundo, tanto ouvintes como funcionários da empresa. Chamava todo mundo pelo nome, deixava todos sempre à vontade. Quando eu tinha dificuldade de pegar informações do interior, da Copa Pernambuco, eu ligava para ele, e Mané parava o que estava fazendo para me ajudar. Perdemos um profissional muito bacana e, sobretudo, um amigo, e teremos que conviver com isso. Vai ficar só a saudade e as lembranças das coisas boas que ele fez."
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Mané também é lembrado como referência pelo repórter Wellington Araújo, do Escrete de Ouro. "No rádio sempre existiu um trio que nos espelhava: ele, o irmão (Roberto Queiroz) e Ralph (de Carvalho). A gente cresceu ouvindo e esse trio foi quebrado agora. Fiquei muito triste. Visitei ele no sábado e saí de lá com uma sensação de ele não terminava o dia. Mané era a alegria do trabalho pra gente, o cara que a gente brincava, que nunca chegava triste. Uma referência em termo de alegria. Estou de férias e não sei como vou entrar no trabalho sem ele lá quando voltar."
Irmão do radialista, o narrador Roberto Queiroz resumiu Mané em uma palavra: alegria. "Mané era só alegria. Nada mais do que isso. Dizendo isso, estamos dizendo tudo dele. Uma pessoa muito alegre, que levava a vida de uma forma muito diferente, só alegria." Mané Queiroz era formado em economia, psicologia e história, além de ser radialista.
Do NE10
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