O Nordeste movimenta uma massa de renda de R$ 443 bilhões puxada pela chegada da nova classe média. São 54,8 milhões de pessoas com acesso a bens e serviços de qualidade. É o que revela a pesquisa Serviços financeiros e hábitos de consumo do Nordeste do Instituto Datapopular sobre a evolução da classe média na região. Este segmento da população passou de 38% para 52% entre 2002 e 2012. A estimativa é que alcance 57% da pirâmide populacional nordestina em 2022.
“A nova classe média tem muito espaço para crescer, porque o Nordeste ainda tem baixa penetração de consumo de produtos e serviços”, comenta Renato Meirelles, diretor do Datapopular. Ele cita o anseio por bens de consumo, como eletrodomésticos e eletrônicos, automóveis, motos e imóveis. Tudo embalado pelo acesso ao crédito. Afinal, são 26,2 milhões de nordestinos com cartão de crédito e cartão de loja em circulação na região.
Luciana da Silva Cunha abriu um salão de beleza e já ampliou local por conta da demanda de clientes. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press
Elisandro Damasceno do Nascimento, 40 anos, é o retrato da nova classe C na Bomba do Hemetério. Desde os 16 anos, ele começou no batente como vigia de um condomínio. Correu atrás do sonho de ascensão social e decidiu estudar para mudar de vida. Em 2008, formou-se como engenheiro agrônomo pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Casado e pai de Elissandra, 10 anos, ele trabalha hoje como consultor na área ambiental. A renda familiar mais que triplicou. Passou de R$ 1 mil para R$ 4.500.
“Até três anos a gente dormia, eu, minha mulher e minha filha, na mesma cama. Hoje, alugamos uma casa maior com dois cômodos, cada um tem o seu computador com internet e eu comprei uma moto”, conta. A família planeja uma viagem de férias para o Rio de Janeiro em julho do próximo ano. “É a primeira vez que a gente vai andar de avião”, enche os olhos.
A chegada da nova classe média na Bomba do Hemetério aumentou a procura por serviços de beleza. Bom para a cabeleireira Luciana da Silva Cunha, 39 anos. Ela atendia no terraço de casa e hoje tem o salão Oficina da Beleza. A renda familiar passou de dois para cinco salários mínimos. Luciana investe em cursos e está sempre viajando para São Paulo para se atualizar. “Temos a casa própria, tirei a minha habilitação e compramos um carro. Hoje posso dizer que sou classe média e tenho qualidade de vida”.
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