DIA NACIONAL DE LUTA - TRABALHADORES ENTREGAM PAUTA E GARANTEM VOLTAR ÀS RUAS SE GOVERNO NÃO DER RESPOSTA

Assim como no primeiro ato realizado no Complexo Portuário de Suape no início da manhã desta quinta-feira (11), a caminhada nas ruas do Recife pelo Dia Nacional de Luta em Pernambuco não reuniu as 60 mil pessoas esperadas pelas sete centrais sindicais que organizaram o evento no Estado. Independentemente do número de participantes, o ato foi pacífico e contou com a adesão de trabalhadores de várias categorias, que com suas bandeiras e cartazes pediram melhorias na saúde, educação e, principalmente, mudanças nas leis trabalhistas. 

De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), cerca de mil pessoas participaram da caminhada pelo Centro do Recife nesta quinta. Mas segundo o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PE), Carlos Veras, o cálculo das centrais sindicais indica que mais de 10 mil pessoas participaram do movimento. Durante a caminhada, a reportagem do NE10 conversou com o major da Polícia Militar Amaral Neto, que afirmou que a passeata contava, naquele momento (por volta das 16h30), com um público de 8 a 10 mil pessoas.

Manifestantes durante passeata no Centro do Recife. Fotos: Fábio Jardelino e Mariana Dantas

Após duas horas de caminhada, que teve concentração na Praça do Derby e seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista até a Assembleia Legislativa (Alepe), um grupo de 11 pessoas formado por representantes das centrais sindicais, da União dos Estudantes de Pernambuco (UPE) e do Movimento dos Sem Terra (MST), foi recebido por uma comissão na Alepe. A comissão foi liderada pelos secretários da Casa Civil, Tadeu Alencar, e de Articulação Social, Aluísio Lessa, e contou com os deputados Waldemar Borges (da base do Governo),  Daniel Coelho e Severino Ramos (ambos da oposição), que receberam uma pauta de reivindicações dos manifestantes. 

LEIA MAIS:

» Representantes do Governo de Pernambuco recebem manifestantes na Alepe

» Chuva de papel picado e bandeira do Brasil entre as imagens do protesto

» Manifestantes seguem para a Alepe em protesto no Recife

» Complexo de Suape para, mas trabalhadores não aderem a protesto

» Pauta de reivindicação vai de previdência a reforma agrária

Além das bandeiras das centrais sindicais, era possível identificar, embora em menor quantidade, bandeiras de partidos políticos. Sindicatos também fizeram questão de marcar presença, como o dos Bancários, Enfermeiros e até representantes da Oposição Rodoviária. "Nossa categoria saiu de uma greve recentemente e por isso não paralisou as atividades hoje. Mas os motoristas e cobradores que não estão no horário de trabalho estão aqui para participar", disse Jucelino Macedo, líder da Oposição Rodoviária. A caminhada também contou com a presença de agricultores de vários municípios do Interior do Estado. 

Muitas lojas da Conde da Boa Vista estavam fechadas nesta quinta, assim como 11 agências bancárias do Centro. Foto: Mariana Dantas/NE10

Movimento de Oposição dos Rodoviários marcaram presença. Foto: Mariana Dantas/NE10

Cerca de 1300 policiais militares foram convocados para trabalhar nos protestos em Suape e na passeata das centrais sindicais. Foto: Mariana Dantas/NE10

Os manifestantes chegaram à Alepe por volta das 17h20 para entregar a pauta de reivindicações. O encontro estava marcado para às 17h, mas os representantes do Governo não conseguiram chegar ao local no horário, o que causou apreensão entre os manifestantes. Mas após cerca de 20 minutos, os secretários Tadeu Alencar e Aluísio Lessa chegaram ao local e convidaram os representantes das centrais sindicais para uma reunião realizada no plenário do 2º andar do edifício anexo da Alepe.

A reunião ocorreu no plenário do edifício anexo da Alepe. Foto: Mariana Dantas/NE10

"Estamos aqui para mostrar que as centrais sindicais, independentemente de divergências políticas, estão unidas pelo trabalhador. Esperamos uma resposta do Governo, ou voltaremos para as ruas para protestar", disse o presidente da Força Sindical em Pernambuco, Aldo Amaral. 

O secretário Tadeu Alencar afirmou que o Governo irá analisar a pauta e buscar responder todas as questões ligadas diretamente ao Estado. "Sabemos que parte da pauta diz respeito ao Governo Federal e o debate deverá ocorrer no Congresso Nacional. Em relações às questões que dizem respeito ao Governo do Estado, vamos nos reunir e dar uma resposta", afirmou.

O deputado Daniel Coelho, que faz oposição ao Governo na Alepe, elogiou as centrais sindicais pelo movimento pacífico e organizado."Sobre a pauta, garanto que vamos discutir os assuntos na Assembleia, alguns pontos inclusive já foram defendidos pela oposição desta casa", disse. 

Além da CUT-PE, participam das manifestações no Estado a Força Sindical, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Nova Central (NCST), a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e a Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas). Também vão aderir à mobilização a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).

Trabalhadores na Rua da Aurora. Foto: Fábio Jardeino/NE10

TENSÃO - No início da caminhada do Dia Nacional de Luta na capital pernambucana, a organização das centrais sindicais chegou a pedir para representantes do Movimento Passe Livre (MPL), também presentes no protesto, que retirassem as máscaras. A Polícia Militar também interviu na conversa. Os jovens se negaram a retirar as máscaras, alegando que a vestimenta era uma característica do grupo.

Alguns jovens do MPL afirmaram à reportagem do NE10 que os membros das centrais sindicais fizeram uma espécie de cordão de isolamento para afastá-los do percurso. Apesar do clima de tensão, a polícia não registrou nenhuma confusão entre os grupos.

Do NE10