Ao longo dos tempos tem-se apresentado muito instáveis as alternativas tidas como solução para a matriz energética do pólo gesseiro de Pernambuco. Na verdade, quando se introduz uma fonte mais barata que a lenha, mostra-se que sua viabilidade vem acompanhada de muitas pendências tecnológicas com grande distância para ser colocada em prática. No meio dessa tempestade, uma boa notícia vem da Associação Plantas do Nordeste – APNE, uma ONG com atuação além do Sertão do Araripe, que trabalha com o bioma caatinga em várias partes do semiárido nordestino.
A APNE está desenvolvendo um arrojado projeto de manejo florestal na Chapada do Araripe, com a proposta de atingir em dois anos, 10 mil hectares para a produção de lenha sustentável contemplando diretamente as indústrias com uma fonte segura de energia a preço competitivo e assegurando o equilíbrio ambiental e ainda com o diferencial de um apelo social muito forte pelo fato de está trabalhando com os assentamentos da Reforma Agrária.
A APNE tem por base os planos de manejo implantados no Sertão do Pajeú, estimando beneficiar mil famílias, alcançando uma marca importante de cinco mil pessoas no campo. Para se ter uma idéia 95 municípios do Araripe de Pernambuco, Vale do Guaribas, no Piauí e Cariri cearense estão incluídos em sua área de atuação.
Essa atividade é de médio prazo, caracterizada pelo reconhecimento e diagnóstico do local e levantamento mais detalhado para identificar as características físicas e de estrutura como casas, barragens, estradas. Contudo, para implantação do projeto, o assentamento precisa está totalmente regularizado, com uso do solo bem definido, área de averbação, estatuto, área de preservação permanente, escritura, imissão de posse, registrada e certidão atualizada. Essas exigências ajudam os assentamentos porque muitos estão com pendências em sua documentação, fazendo seus líderes despertarem para essa regularidade.
O projeto da APNE ainda pensa a capacitação dos assentados com manejo florestal e convivência com o semiárido. São duas modalidades da reforma agrária: assentamento do INCRA e crédito fundiário, contido no Plano Nacional do Crédito Fundiário. Além de implantar a atividade, a APNE executa o plano de manejo já que depende de assistência técnica.
Para o coordenador do projeto de manejo florestal sustentável na região do Araripe, Mário Marques, capacitar faz parte da idéia, para que o próprio agricultor se habilite a seguir a atividade, que é diferente da agricultura tradicional e a cada ano um engenheiro florestal emite um laudo de acompanhamento do manejo sobre abertura dos talhões e outros aspectos que garantam a sustentabilidade.
Em menos de um ano de atividade, o projeto de manejo florestal da APNE no Araripe, já tem mais de 4 mil hectares de área, onde a meta a alcançar os 10 mil hectares. É realizado em parceria o ministério do Meio Ambiente, Fundo Nacional do Meio Ambiente e financiado pela Caixa Econômica Federal através do Fundo Sócio Ambiental e tem a parceria com mais duas ONGs para executar o projeto: CHAPADA e CECOR.
Fonte - Jornal Tribuna do Araripe/Iveraldo Nascimento
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