Morreu nesta terça-feira (5), aos 58 anos, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O óbito ocorreu às 16h25 (horário local) e foi anunciado pelo vice-presidente, Nicolás Maduro, em pronunciamento na TV. Chávez morreu após uma batalha de dois anos contra um câncer, encerrando um período de 14 anos do líder socialista no poder.
O presidente passou por sua última cirurgia em dezembro de 2012, em Cuba, para combater o reaparecimento do tumor na área pélvica. Esta foi a sua quarta intervenção desde meados de 2011, quando a doença apareceu.
Após a cirurgia, seu estado de saúde ficou bastante frágil e, na manhã desta terça-feira, o vice anunciou que Chávez estava em situação 'delicada' no que eram os 'dias mais difíceis de sua vida'.
Chávez, que foi reeleito no final do ano passado para mais um mandato, anunciou o retorno do câncer no dia 8 de dezembro e surpreendeu os venezuelanos ao afirmar, em um discurso à nação, que o vice-presidente deveria assumir o poder caso ele ficasse incapacitado. Ele também exortou os simpatizantes a votarem em Maduro no caso de uma nova eleição.
No último dia 18 de fevereiro, Chávez retornou a Caracas para seguir com o tratamento em seu país de origem, mas não foi visto publicamente, o que levantou suspeitas sobre seu estado de saúde -- apenas uma foto sua foi divulgada pelo governo dias antes.
Chávez foi reeleito em outubro de 2012 e seu novo mandato começaria em 10 de janeiro deste ano, mas a Justiça liberou o adiamento de sua posse indefinidamente.
Hugo Chávez morre aos 58 anos
Uma vez que a Justiça autorizou a continuidade do governo chavista mesmo sem a posse oficial do presidente, ainda não está claro como ocorrerá a sucessão na Venezuela.
No poder desde 1999, o governo de Chávez foi marcado por sua liderança extravagante de esquerda na América Latina e pelo seu papel de principal provocador de Washington na região.
Chávez foi ferrenho apoiador de outros líderes esquerdistas na região, como Evo Morales, na Bolívia, e Rafael Correa, no Equador. Muitos vizinhos passaram, no entanto, a depender de sua ‘generosidade’, fomentada pelo petróleo venezuelano, para impulsionar suas frágeis economias.
Internamente, Chávez implantou o que ele chamou de 'socialismo do século 21', com uma série de reformas em seu país, uma nova Constituição, conselhos democráticos participativos, a nacionalização de diversas indústrias, o aumento no financiamento do governo nas áreas de saúde e educação e medidas focadas na redução da pobreza. As medidas, no entanto, causaram fuga de investidores e colapso na indústria local, o que gerou instabilidade no país e crescente aumento nos índices de violência.
Analistas acreditam que, mesmo com a indicação de Maduro, o chavismo desintegre com a morte de Hugo Chávez. "Continuamos da opinião de que é muito possível que não haja chavismo sem Chávez", disse o analista da Goldman Sachs Alberto Ramos, advertindo sobre "uma transição política possivelmente ruidosa e não necessariamente curta na Venezuela".
O fim do chavismo pode ser o melhor cenário para a oposição desde que Chávez assumiu o poder, já que muitos eleitores ignoravam os fracassos do governo por causa da profunda conexão emocional com o então presidente. Em outubro, o governador Henrique Capriles, de 40 anos, perdeu as eleições para Chávez em outubro, mas recebeu 44% dos votos, um recorde de 6,5 milhões de votos para a oposição.
*Com informações da agência Reuters e EFE/Blog do Fredson/Portal Araripina
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