segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O COSMOS É MÚSICA - PAIVA NETTO

Este mês é marcado por datas que nos fazem recordar a genialidade de dois dos mais famosos compositores de nosso país: o carioca Heitor Villa-Lobos, — falecido em 17 de novembro de 1959, ao qual prestei, na edição 220 da revista Boa Vontade, tributo à memória — e Claudio Santoro, ilustre manauara, nascido em 23/11/1919, cuja “Sinfonia da Paz”, gravada sob sua regência, pela Orquestra Estadual e Coro Stepanov de Moscou, Rússia, abre a minha pregação do Evangelho de Jesus na Super Rede Boa Vontade de Comunicação.

Como admirador dos gênios da cultura planetária e reconhecendo na música um papel transcendente de elevação do ser humano, sempre que posso utilizo-me do tesouro melódico para estabelecer analogia entre ele e os augúrios divinos, de modo a facilitar o entendimento do povo a respeito do código aparentemente indecifrável do Apocalipse de Jesus. O escritor e crítico literário José Geraldo Nogueira Moutinho, em “Musicália”, esclarece que “a música absorve o caos e o ordena”.

Em “Apocalipse sem Medo” (1999), no capítulo Apocalipse e universalismo, comento que Arturo Toscanini ensinava, mutatis mutandis, que ouvir música não é escutar notas. De fato, porquanto se deliciar com a grande arte de Verdi, Tchaikovisky, Wagner, Borodin, Schumann, Debussy, Ravel, Grieg, Sibelius, Irving Berlin, Gershwin, Grofé, Chiquinha Gonzaga, Noel, Cartola, Caymmi, Jobim, João Gilberto, Caetano, Gil, Chico Buarque, Toquinho, Guerra Peixe, Carlos Gomes, Padre José Maurício, Francisco Braga, Lorenzo Fernandez, Augusto e Alberto Nepomuceno, Guerra Vicente, e tantos mais, é integrar-se no sentimento da mensagem melódica que o compositor quis transmitir ao ouvinte.

Assim é com o Apocalipse, seu recado não está na letra, “que mata”, mas no espírito de salvação que, por meio do amor de Quem fraternalmente adverte, desce do Criador à criatura.

Para que existe a Mensagem Divina

O que procuro destacar, na pregação ecumênica do Evangelho-Apocalipse, é a parcela de Deus que habita todo ser humano, seja ele religioso ou ateu; amarelo, branco, negro ou mestiço; civil ou militar; analfabeto ou letrado; da direita, esquerda ou centro ideológicos, ou mesmo apartidário.

Se o homem não for ao encontro da solidariedade, na vivência particular ou coletiva, onde iremos parar?

O cosmos é música, que, na definição de Paul Claudel (1868-1955), “é a alma da geometria”. Logo, temos de achar os sons que com abrangência universal nos confraternizem. Para isto é que existe a Mensagem de Deus, que frontalmente se contrapõe à intolerância indesculpável.

Trombetas e compositores

Ainda na citada obra, no capítulo “Trombetas e compositores”, aponto que até hoje há quem exclame: “O Apocalipse é o desamor de Deus para com a Humanidade!”. Estarão certos? Veremos que não.

Vamos por partes: o que diz a sabedoria antiga? “O pensamento é o alfaiate do destino”.

Com as nossas ideias e atos, acabamos por desvendar a nossa intimidade. Jesus, o Cristo Ecumênico, declara isto no Evangelho, segundo Lucas, 6:45: “O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau, do mau tesouro tira o mal; porque fala a boca do que está cheio o coração”.

Diante disso, os Anjos das Sete Trombetas, que, em simples análise, significam fatos políticos e fatos político-guerreiros, quando as tocam, não o fazem aleatoriamente. Estão externando o que os Sete Selos (Apocalipse, capítulos 6 e 8) revelaram acerca do nosso sentimento, expresso na partitura musical que, com as nossas atitudes, compusemos. Nós é que produzimos a trágica, ou bela, melodia que os Anjos executarão. O Apocalipse é, portanto, traçado por nós, quando respeitamos ou infringimos as normas do Criador.

Em “A Divina Comédia” — Paraíso, Canto XXII—, Dante Alighieri (1265-1321) poeticamente ilustra a justiça de Deus: “Nunca se apressa a espada celestial,/ nem se atrasa, a não ser pela opinião / de quem a invoca ou teme, por sinal”.

Por sua vez, Alziro Zarur (1914-1979) sentencia: “A Lei Divina, julgando o passado de homens, povos e nações, determina-lhes o futuro”.

Direitos, deveres e Apocalipse

Se pensarmos apenas em direitos e esquecermos os deveres, amanhã seremos cobrados pelos deveres e esquecidos pelos direitos.

Não queiramos que o Pai Celestial nos trate como crianças, quando fazemos questão de ser adultos. Cabe, aqui, feito uma luva, este pensamento do escritor francês Martin Du Gard (1881-1958): “Não há ordem verdadeira sem a Justiça”.

Evidentemente, no tocante aos dignificadores atos que realizarmos, o Apocalipse apresentará composições maravilhosas para aqueles que merecerem um mundo melhor nos milênios que conheceremos adiante. Sempre viveremos, porque a eternidade é real e a lei das vidas sucessivas é ordenação divina. Zarur conceituava: “A reencarnação é a chave da profecia”. É preciso, pois, afinar os corações dos povos no diapasão de Deus.

ESPÍRITO E LABORATÓRIO

Notícia recente pôs em evidência a tese do médico norte-americano Stuart Hameroff e do físico britânico sir Roger Penrose segundo a qual a existência da Alma pode ser comprovada cientificamente. Tomando por base uma teoria de 1996, sugerem que o cérebro seria uma máquina biológica, com 100 bilhões de neurônios, funcionando como rede de informação.

Entrevistados pelo jornal inglês “Daily Mail”, os pesquisadores explicaram a teoria quântica da consciência, pela qual as Almas estariam contidas em estruturas denominadas microtúbulos, localizadas, por sua vez, nas células cerebrais. A gravidade quântica nesses microtúbulos é, na opinião deles, a responsável pelas experiências da consciência.

Exemplifica o dr. Hameroff: “Vamos dizer que o coração pare de bater, o sangue pare de fluir, os microtúbulos percam seu estado quântico. A informação quântica dentro dos microtúbulos não é destruída. Ela não pode ser destruída; simplesmente, é distribuída e dissipada pelo universo. (...) Se o paciente é ressuscitado, esta informação quântica pode voltar para os microtúbulos, e ele passa por uma EQM (experiência de quase-morte)”.

O ESPÍRITO E A MENTE

Ainda são teorias. Mas observamos crescente interesse sobre o tema, cujo campo de pesquisa é muito vasto. Todavia, necessário se faz ressaltar que o Espírito ou a Alma não se resume a uma projeção da mente carnal, o raciocínio material. Trata-se de essência eterna e inteligente que, enquanto ligada ao corpo — por um fio luminoso que se desprende por efeito da morte —, anima a vida como a conhecemos no mundo. Salomão, o governante sábio, em Eclesiastes, 12:6 e 7, fala-nos desse “fio de prata”, que, ao se romper, leva o pó (corpo) de volta à terra de onde veio, e o Espírito retorna a Deus, que o concedeu. Na verdade, como há décadas dizemos, o Espírito não é simples projeção da mente.

A CIÊNCIA CHEGARÁ AO ESPÍRITO

Escrevendo no “Jornal de Brasília”, em 20/6/1991, afirmei que tempo há de vir em que o Espírito será claramente levado por todos em consideração. A Ciência está chegando até ele: o que a Religião intui a Ciência um dia comprovará em laboratório. Ciência sem Religião pode tornar-se secura de Alma. Religião sem Ciência pode descambar para o fanatismo. Por isso, na era ideal que todos desejamos ver surgir no horizonte da História, a Ciência (cérebro, mente), iluminada pelo Amor (Religião, coração fraterno), elevará o ser humano à conquista da Verdade.

Assim como houve acelerado progresso material neste século vinte (estávamos em 1991) — rapidamente passamos da carroça para o foguete interplanetário —, ocorrerá o mesmo no campo do sentimento (Espírito), de modo que se estabeleça um mundo mais apreciável. Conforme dizia o poeta e jornalista Alziro Zarur (1914-1979): “Atingir o equilíbrio é a meta suprema. O Bem nunca será vencido pelo mal”. O equilíbrio virá quando a criatura, pelo Amor ou pela Dor, compreender que é preciso aliar à inteligência do cérebro a do coração. De qualquer forma a Humanidade evolui sempre... Ou será que, materialmente falando, estamos ainda nos tempos das cavernas?!... Evidente que não! O mesmo se dará no campo moral-espiritual, e creio que mais pelo efeito da Mestra Dor, que, por sinal, é a libertação da Alma.

NATAL MAIS FELIZ

Está em plena atividade a tradicional Campanha “Natal Permanente da LBV — Jesus, o Pão Nosso de cada dia!”, para proporcionar um Natal mais feliz a milhares de famílias de baixa renda. Muitos amigos têm trazido a sua colaboração, a exemplo da cantora Paula Fernandes e dos jogadores de futebol Luis Fabiano e Fábio Santos, que vestiram a camisa da LBV.

Os donativos para esta campanha podem ser feitos pela internet, na página www.lbv.org/natal.

José de Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.

paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

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