quarta-feira, 31 de outubro de 2012

REDES - É DIFÍCIL NÃO GOSTAR DE UMA

Quase todas as pessoas que têm casa de praia não dispensam as delícias do balanço de uma boa rede. O hobby seria limitado ao uso praieiro se não fosse o hábito nordestino de sempre dispor de uma dessas peças por perto, pronta para ser usada na hora do cochilo. A tendência, então, dos que têm os pés bem fincados na cultura cabocla é levar as redinhas para dentro da vivenda urbana. O carinho de uns pela peça é tão grande que ela sai das varandas para a intimidade do quarto e da sala de estar.

Apesar de ousado, o deslocamento das redes para a sala não exige muitos pré-requisitos. “Contanto que não haja empecilho na circulação de pessoas, colocar uma rede dentro de casa sempre será uma boa pedida, devido ao conforto do utensílio”, explica o arquiteto Zezinho Santos. A dica é colocá-lo onde há menor trânsito. Próximo a paredes, num cantinho, é o ideal e ainda imprime aconchego ao lugar.

Para Zezinho, um outro fator a ser pensado antes de comprar uma rede é a harmonização das cores da peça com as dos outros objetos no ambiente. A escolha é livre, mas é importante ter cuidado para não carregar demais nos tons. Para não errar, opte por tonalidades suaves. Uma ideia criativa, no entanto, é arriscar na mistura de estilos. “A tendência atual permite colocar uma rede rústica em um ambiente clássico”, explica a arquiteta Isabela Nadler.

Elaboradas ou simples, sintéticas ou naturais, a rede surgiu dos básicos cipó e trepadeira da liana, entrelaçados por mãos indígenas. Com o tempo e a apropriação do hábito de dormir no utilitário pelo homem branco, a rede ganhou engenhosidade na aparência e confecção. Atualmente, pode ser encontrada em diversos estilos e materiais, de algodão, nylon, lona e até de material reciclado.

Em São João dos Patos, interior do Maranhão, elas chegam a ser objetos de arte. São tecidas em tear manual e algumas têm trançado duplo, composto por duas mantas. A colorização delas é artesanal. O arquiteto Turíbio Santos acredita que o hábito está mais disseminado naquela região que em Pernambuco. “Como minha família é maranhense, vivi cercado por pessoas que substituem cama por rede. É um costume típico de lá”, conta.

A arquiteta Roberta Borsoi também defende que o uso de redes não é tão forte aqui quanto em outros Estados do Nordeste, como no Rio Grande do Norte. “Já fiz um projeto para um potiguar no qual havia uma rede em cada uma das suítes da casa”, conta Roberta.

Nos quatro cantos da casa da educadora Liz Ramos também há armadores prontos para pendurar uma rede. Isto porque ela comprou o apartamento de um natalense. “Em cada quarto, há suporte para rede. No meu, há para duas. Quando cheguei, já estava assim”, revela Liz.

Por sorte a educadora divide a mesma paixão pela peça que embala o sono de nordestinos com o antigo dono da sua morada. Ela aproveitou e montou a decoração levando em conta os armadores espalhados pelos ambientes. “Rede é bom para ler, dormir, escutar música, descansar, conversar, ver TV... Não vivo sem uma!”, compartilha. O panorama nacional, no entanto, mostra que o hábito não se disseminou com tanta intensidade pelo País.

Exemplo disso é a 3ª edição do livro Arqte, um catálogo de projetos da arquitetura contemporânea brasileira elaborado por fotógrafos da MCA Estúdio. De todos os 46 projetos residenciais e comerciais, apenas um possuía rede. E na sala de estar. Quem fez foi a arquiteta Roberta Borsoi.

Do JC OnLine/Blog do Fredson/Portal Araripina

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