Profissionais de jornal e internet que participaram, no Recife, do III Encontro de Jornalismo Estrangeiro no Nordeste, promovido pela empresa Duxi Comunicação, deixaram bastante claro que a exposição na mídia internacional não se dará apenas de forma positiva, como imaginam as autoridades governamentais e da área de turismo.
O fotógrafo Douglas Engle, por exemplo, alertou para a necessidade de ter um olhar diferente sobre os efeitos da copa, longe do oba oba comercial. “Com a cobertura da Copa, virão coisas negativas também sobre o Brasil. Ninguém pode (ou deve) se ofender”, apontou. O fotógrafo trabalha para sites como Worldpicturenews.com e Australfoto.com (EUA).
Na sua palestra, Engle reclamou ainda da dificuldade de acesso que são criadas pelas organizações dos grandes eventos. O tema é recorrente entre os profissionais do setor. No mês passado, no Rio de Janeiro, durante o primeiro encontro de jornalismo esportivo, Andrew Moger, diretor executivo da News Media Coalition, reclamou dos mesmos interesses comerciais. “Temos de manter nossos direitos de imprensa, que muitas vezes não são respeitados. Os espaços de trabalho não deveriam ser vendidos, mas assegurados a todos”, afirmou.
Mais curioso ainda foi perceber como os gringos não conseguem acostumar-se com o jeitinho brasileiro, mesmo morando há décadas no Brasil. O jornalista Tim Vickery, da BBC, de Londres, radicado no Brasil há vários anos e pela primeira vez no Nordeste, contou que pegou o metrô na estação Joana Bezerra, nesta quinta-feira, além de ter andado de ônibus, para ir até a Arena da Copa, de modo a conhecer a realidade que os torcedores irão enfrentar. Ele disse não ter entendido a razão de o metrô funcionar até às 22 horas, quando pode haver jogos que ultrapassem esses horários, deixando na rua os torcedores que apostaram no transporte público.
Na mesma mesa, o jornalista Andrew Downie, da Revista Time, rabiscava que um país rico não é aquele que o pobre ainda de carro, mas aquele onde o rico anda de transporte público. Questão cultural. Agora vá explicar esse dilema a um cara que anda de ônibus mais apertado do que uma sardinha em lata.
Na parte da manhã, o jornalista escocês já havia mostrado como a cidadania deve ser o combustível permanente do jornalismo. Na plateia, participando da audiência, Andrew Downie, contratado pela Reuters para acompanhar mais de perto o extra-campo, como os gastos para o mundial, questionou o executivo Marcos Lessa, diretor presidente da Arena Pernambuco, sobre os custos adicionais para apressar a entrega do estádio, em abril, três meses antes da Copa das Confederações.
O tema oficial era justamente o legado da Copa. Lessa tergiversou e não respondeu. O gringo deu de ombros, sem demonstrar surpresa. Na parte da tarde, sem voltar a citar o caso do empreendimento erguido em São Lourenço da Mata, ele contou que pega no pé dos construtores do Itaquerão, em São Paulo, com os mesmos resultados. Ninguém fala em aumento de custos, de forma progressiva, desde o anúncio da Copa no Brasil, embora os recursos sejam públicos, pagos pelo cidadão.
Pernambuco será palco de jogos tanto na Copa das Confederações como na Copa do Mundo. O evento, promovido pela Duxi Comunicação, terá sua terceira edição com foco nos jogos que acontecem no Brasil em 2013 e 2014 e integra a programação dos 600 dias para Copa da Secretaria Extraordinária da Copa de 2014 (Secopa) do Governo de Pernambuco. O III Encontro de Jornalismo Estrangeiro no Nordeste aconteceu, no Mar Hotel, com patrocínio da Secopa, da Arena Pernambuco e tem o apoio da Associação dos Correspondentes de Imprensa Estrangeira no Brasil e da Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco.
A contagem regressiva para a inauguração oficial da Arena Pernambuco já começou. No dia 14 de abril de 2013, um domingo, às 17h, o estádio receberá o público em seu primeiro evento. O anúncio foi feito em uma coletiva, na tarde de ontem, por Ricardo Leitão, secretário extraordinário da Copa 2014 em Pernambuco. Apesar de ter data marcada para a estreia do estádio, ainda não se sabe se evento de abertura será uma partida de futebol ou mesmo uma apresentação musical. “Pode, até mesmo, ser um show, para mostrarmos que a Arena não é só futebol”, disse Leitão.
No período da tarde, o inglês acabou roubando a cena, de acordo com a maioria dos estudantes ouvidos pelo blog. Ele fez uma palestra motivadora, inspirando os jovens talentos. Há 18 anos radicado no Brasil, o inglês Tim Vickery faz cobertura do futebol sul-americano para a BBC e para a revista World Soccer desde 1997. Seus outros clientes incluem SBS (Austrália) e ESPN (Estados Unidos). Entre 1998 e 2001 foi colunista do Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro. É presença freqüente no programa Redação SporTV, e faz participações eventuais na TV Brasil e TV Esporte Interativo.
Do NE10/Blog do Fredson/Portal Araripina
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