terça-feira, 1 de março de 2011

CAATINGA - TORRE EM ARARIPINA PERMITIRÁ ESTUDAR EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS


Até o final da desta semana, Pernambuco terá a segunda torre meteorológica de medição de gás carbônico instalada e em funcionamento. Com a montagem do equipamento no município de Araripina, o Estado passa a realizar estudos pioneiros sobre a vulnerabilidade da Caatinga diante dos efeitos das alterações climáticas na região, bem como os efeitos da degradação do bioma na variação do clima, de acordo com o Lamepe. A ação é dos pesquisadores do Projeto de Mudanças Climáticas e seus Impactos (Muclipe), coordenado pelo Laboratório de Meteorologia de Pernambuco (Lamepe).

A utilização dos dados coletados pela torre permitirá a realização de experimentos científicos capazes de investigar o que acontece com o clima do Estado com a degradação da Caatinga, inclusive, verificar a possibilidade da ocorrência de chuva ácida no semiárido. A torre está sendo instalada no Campo Experimental do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). O tempo e a forma com que as variações no clima podem influenciar na degradação da caatinga também serão estudados.

Segundo a coordenadora do Lamepe e Muclipe, Francis Lacerda, os dados monitorados pela torre de CO2 serão utilizados em modelos atmosféricos capazes de gerar cenários futuros de como estará o clima e a caatinga em 2015, 2020, 2030 e 2050. Os respectivos cenários apresentarão uma escala que varia segundo as condições climáticas mais otimista, média e pessimista. Os experimentos já começam a ser montados a partir do próximo ano.

“O Bioma passou milhares de anos para buscar o equilíbrio no clima semiárido, portanto, é preciso antecipar os cenários associados com os efeitos das mudanças climáticas para subsidiar na atualidade, as melhores formas de mitigação dos impactos na Caatinga”, conta Francis. Ela ressalta que até hoje, sabe-se pouco sobre a relação do papel do bioma no clima semiárido.

Em dezembro do ano passado, a primeira torre foi instalada em Petrolina, na Embrapa Semiárido. No município, o equipamento está colhendo dados numa área de caatinga que se encontra preservada. Já em Araripina, serão monitoradas as condições meteorológicas em um ambiente degradado. “Vamos fazer a correlação entre os dois cenários para avaliar como se comporta a interrelação do Bioma e o clima”, diz. A comparação permitirá identificar o tempo que a Caatinga leva para se degradar em condições climáticas extremas. Ela destaca que os resultados dos impactos das mudanças climáticas e seus respectivos cenários futuros nos municípios de Araripina e Petrolina servirão de modelo para estudos em outras cidades que apresentam o clima árido e semi-árido do Nordeste brasileiro.

Economia e saúde – Também serão realizados estudos sobre os impactos da alteração do clima na saúde da população. Em conjunto com FioCruz serão feitas correlações entre doenças respiratórias e o nível de micro-partículas presentes na atmosfera de Araripina. “Com as torres, poderemos avaliar a real distribuição de poluentes na localidade”, diz Francis.

Outro resultado positivo será conhecer o potencial econômico da Caatinga. Serão realizados estudos sobre a potencialidade do Bioma em absorver gás carbônico da atmosfera. “Caso se comprove a eficiência em seqüestra CO2 do ambiente, o negócio internacional com créditos de carbono pode ser uma nova opção econômico-financeira”, garante.

O crédito de carbono é uma maneira de compensação financeira, que os países desenvolvidos pagam pela redução da emissão dos gases de efeito estufa e o aquecimento global. “Ou seja, quem retira carbono da atmosfera pode negociar financeiramente pela iniciativa”, diz.

Fonte - Blog Elba Galindo

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