segunda-feira, 5 de abril de 2010

ELEIÇÕES 2010 - GOVERNO MAIS TÉCNICO NA RETA FINAL


Preocupado em evitar a descontinuidade administrativa e a eclosão de novos escândalos, a exemplo do que envolveu a Secretaria de Turismo, em 2009, o governador Eduardo Campos (PSB) optou por um novo secretariado, em sua maioria, com perfil técnico. Dos 26 integrantes do atual primeiro escalão “eduardista”, são 21 técnicos e apenas cinco são políticos: Fernando Bezerra Coelho (PSB/Desenvolvimento Econômico), Ranilson Ramos (PSB/Agricultura), José Patriota (PSB/Articulação Regional), Dilson Peixoto (PT/Cidades) e Roldão Joaquim (PDT/Desenvolvimento Social). Mesmo esses têm larga experiência em funções de gestão.

Vale salientar, contudo, que, na hipótese de o socialista ser reeleito, a correlação de forças políticas em um eventual segundo governo irá mudar. No dia da posse, quinta-feira passada, Eduardo deu o recado de que não quer a equipe se preocupando com eleição, e avisou que o assunto será tratado na hora que ele achar correta. A intenção é evitar que a oposição o acuse de usar a máquina em benefício da sua reeleição.

O quadro atual mudou muito, em comparação, por exemplo, aos meses de agosto, setembro, outubro e boa parte de novembro do ano passado. Naquela época, o primeiro escalão tinha 27 componentes, sendo 17 técnicos e dez políticos. Saíram na última quarta-feira João Lyra Neto (PDT/Saúde), Humberto Costa (PT/Cidades), Luciana Santos (PCdoB/Ciência e Tecnologia), Danilo Cabral (PSB/Educação), Sebastião Oliveira (PR/Transportes), Ângelo Ferreira (PSB/Agricultura), Waldemar Borges (PSB/Articulação Social) e Severino Ninho (PSB/Chefia da Assessoria Especial do governador). Além de João Paulo (PT/Articulação Regional) e Silvio Costa Filho (PTB/Turismo), que deixaram a gestão em novembro.

Os novatos, em sua maior parte, já ocupavam postos de comando nas pastas para as quais foram nomeados. Com a decisão de não trazer gente de fora do Governo, Eduardo evitou a demora natural que eles teriam para conhecer os programas. Segundo o próprio socialista, não haverá o que os administradores chamam de “curva de aprendizado”, num período de dois ou três meses.

Outro ponto que pode facilitar a atuação dos novos auxiliares é que as metas a serem cumpridas em cada pasta já estão estabelecidas desde 2007 e publicadas no planejamento estratégico do Governo, o Todos Por Pernambuco. Essa medida administrativa reforça o discurso de Campos de que “não há programa de secretário ‘A’ ou ‘B’, mas do Governo como um todo”.

Pesa a favor do novo desenho do primeiro escalão eduardista o fato de que os partidos aliados - com raras exceções - não reivindicaram mais espaço na gestão. Nesse ponto, entretanto, contribuiu a lógica eleitoral. Não seria interessante, nem para Eduardo nem para os aliados, brigas por cargos às vésperas do início do processo eleitoral, quando, mais do que nunca, todos precisam estar unidos para enfrentar a oposição.

O PTB, por exemplo, abriu mão de ficar com a Secretaria de Turismo para não criar problemas para o governador. Os petebistas comandavam a pasta até o deputado estadual Silvio Costa Filho pedir exoneração, depois de ver seu nome relacionado à contratação de shows fantasmas. Para o lugar do parlamentar, o então secretário de Administração, Paulo Câmara, que foi efetivado na de Turismo.

ARTHUR CUNHA - FOLHAPE

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