segunda-feira, 8 de março de 2010

MERCADO - MULHERES SUPER PODEROSAS


Em comum, elas têm a habilidade de empreender e liderar. E, com um inconfundível jeitinho, transformam pequenas ideias em altos lucros. Por tudo isso, são as superpoderosas de três grandes empresas pernambucanas: Soservi, Pitú e Ceta Construtora. No Dia Internacional da Mulher, o JC conta a história de empresárias de gerações diferentes, que ao imprimirem modelos de gestão eficientes, são responsáveis pelo sucesso de seus negócios.

Natural de Alagoas, mas vivendo em Pernambuco desde os dois anos de idade, Zélia Freire Macedo tem 84 anos e visão empresarial de invejar qualquer profissional em início de carreira. “Minha mente ainda possui 20 anos”. Há 38 anos como presidente da Soservi, empresa do ramo de serviços de limpeza, conservação, vigilância e telefonia do Grupo Nordeste, ela é apaixonada por tecnologia. “Sou deslumbrada com a modernidade. E foi trazendo as novidades do mercado internacional para Pernambuco que consegui fazer a Soservi chegar hoje onde está”, conta ela que também é vice-presidente do Grupo Nordeste.

No comando de 7.500 funcionários distribuídos por todo o Nordeste, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, ela dedica seu sucesso empresarial à arte de “segurar o sol com as mãos”. “O sol queima, a gente solta um pouquinho e depois agarra de novo. Quem tem foco em algo grande precisa fazer isso todos os dias. Há sempre alguma coisa de nova para se aprender com os jovens. Eu não me canso disso nunca”, revela.

Apesar das limitações impostas pela idade, Zélia acompanha de perto todas as decisões da Soservi. À exceção dos poucos dias em que se sente indisposta, vai à sede da empresa, em Olinda, para trabalhar. Não é raro que passe do horário do expediente, recusando-se a ir embora. “Eu me sinto melhor na minha empresa do que em casa. Cada cantinho, cada cadeira, cada sala tem uma história que significa muito para mim”, admite ela, que tem quatro filhos, treze netos e seis bisnetos.

No cargo de diretora de relações internacionais da Pitú há 13 anos, Maria das Vitórias Carneiro Cavalcanti, 55 anos, sai de casa de manhã cedo e só volta do trabalho à noite. Para fazer o que ela faz, ou seja, administrar as exportações da empresa, domina perfeitamente inglês, espanhol, francês e alemão. Ex-presidente e atual vice-presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), ela atua num mercado onde homens são maioria.

“Tem gente que acha estranho uma mulher vendendo e promovendo a cachaça, principalmente nos países do Oriente Médio, mas eu tiro isso de letra”, conta ela, orgulhosa de no ano passado ter colocado a Pitú no posto de líder da exportações brasileiras de cachaça, com parcela de 37% do mercado. O sucesso de sua carreira ela atribui à experiência de 26 anos obtida na época em que foi diretora industrial da Pitú. “O meu diferencial é dominar todas as etapas de produção do que vendo”.

Quando tinha apenas 23 anos, Célia Tavares ocupava o mais alto posto de engenharia civil dentro de uma tradicional Construtora Pernambuco. Com esta idade, ela também já era dona do próprio apartamento. Mas tomada pelo sentimento de que poderia ir ainda mais longe, Célia arriscou tudo. Vendeu o imóvel, foi morar de aluguel, e investiu o que tinha para abrir a Ceta Construtora. “É uma sensação de missão cumprida, uma satisfação difícil de descrever quando eu vejo hoje que a minha empresa levanta prédios de 35 andares”, conta ela, 39 anos.

Atualmente, a Ceta Construtora tem 120 funcionários somente na área administrativa. O crescimento anual da empresa gira em torno de 200 % ao ano. “Às vezes, até eu me espanto. Não precisei de pai, nem de marido para fazer tudo isso. Construí tudo sozinha com muito estudo e muito planejamento”, revela.

Todo o setor de engenharia da empresa é composto por mulheres. “Nada contra os homens, mas é o que eu percebo é que as mulheres têm mais facilidade na hora de fazer uma negociação. Diante delas, meus clientes ficam mais desarmados”, justifica.

Casada, mãe de um menino de oito anos, Célia acredita que a palavra-chave para o sucesso profissional é equilíbrio. “A determinação e o foco são fundamentais, mas sempre reservo uma hora para descanso”. De curtir o final de semana com o filho, ela também não abre mão. Nem ele.

EMPRESA PREFERE MÃO DE OBRA FEMININA

Durante os anos em que cursou ciência da computação, em um turma de faculdade repleta de garotos, Pedro Albuquerque, 25 anos, jamais poderia imaginar a situação em que se encontra hoje: trabalhando numa empresa onde homens são exceção à regra geral. Dentre os seis gerentes da Pleno Consultoria, que presta serviços em locação de mão de obra e fidelização de marcas, ele é o único do sexo masculino. “Da telefonista, à diretora executiva, estou cercado de mulheres por todos os lados. E isso é ótimo. Sou muito paparicado”, conta ele que trabalha na Pleno há três anos como chefe do departamento de Tecnologia da Informação.

Cerca de 85% dos funcionários da Pleno são mulheres. Conforme explica a gerente de Recursos Humanos, Marisa Freitas, há um direcionamento claro para a contratação de mulheres na política da empresa. “A gente percebe no perfil da mulher um profissional mais pró-ativo, capaz de desempenhar várias tarefas ao mesmo tempo. De forma geral, a mulher consegue conciliar melhor sensibilidade e pulso forte na hora de tomar decisões”, revela.

A empresa foi fundada há 16 anos, pela empresária e atual diretora-executiva Sônia Lourenço. Atualmente, a Pleno conta com 70 funcionários na matriz em Recife, mais cerca de 2.200 terceirizados. Ela revela que o comando das outras três filiais nordestinas da empresa, localizadas em Natal, Salvador e Fortaleza, também está nas mãos de mulheres.

“Toda a minha experiência na empresa me mostra que não há nada que um homem faça que uma mulher também não possa. Às vezes, até melhor. O ambiente de trabalho na Pleno tem um clima de descontração que eu sinceramente não sei se teria se fosse comandada por homens”, acredita Pedro Albuquerque.

Como primeira mulher a presidir a Caixa Econômica Federal, a pernambucana Maria Fernanda Coelho, 48 anos, acredita que homens e mulheres têm características de gestão diferentes, mas equivalentes no grau de importância. “A evolução que tivemos num passado recente, mas que ainda necessita de consolidação é que as características femininas que sempre foram vistas de forma preconceituosa, por serem associadas a fragilidades, acabaram virando vantagens no mundo corporativo atual”, conta ela que assumiu a presidência da Caixa em 2006.

Divorciada e mãe de duas filhas, ela acredita que o mundo corporativo experimenta um avanço nas relações. “Muito mais que gênero, hoje se valoriza elementos como a capacidade de trabalhar em equipe, liderança, foco nos resultados, ética nos negócios, compromisso. Que não são necessariamente características femininas de gestão, mas característica de pessoas”, afirma ela que neste ano é uma das homenageadas do Prêmio Tacaruna Mulher, oferecido pelo Shopping Tacaruna.

Fonte-JC

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