sexta-feira, 27 de março de 2009
MERCADO DE TRABALHO - CRISE GLOBAL JÁ ELIMINOU 750 MIL EMPREGOS
A crise financeira internacional eliminou aproximadamente 750 mil empregos formais no País entre novembro do ano passado e fevereiro deste ano, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgado ontem.
De acordo com o estudo, esse volume representa uma queda de 2,3% do emprego formal no período. O setor mais atingido foi a agropecuária, com recuo de 7,9% das vagas em dezembro ante novembro do ano passado e de 8,6% no acumulado de novembro a fevereiro. Em seguida, ficou a indústria de transformação, com perda de 3,6% dos postos com carteira assinada em dezembro ante novembro e de 5% na soma até fevereiro.
Em Pernambuco, entre os setores que mais sentiram está a fruticultura no Vale do São Francisco, com retração nos preços dos itens exportados, refletindo na geração de emprego. Apesar da queda em dezembro em todo o País – mês que pode ser considerado o mês do início da crise sobre o mercado de trabalho –, o Dieese afirma que o saldo anual foi ainda bastante significativo, com crescimento de 5,1% sobre 2007, determinando o acréscimo de quase um milhão e meio de vagas.
A pesquisa mostrou que três setores conseguiram retomar em fevereiro deste ano o nível de estoque de empregos formais verificado em novembro do ano passado: serviço industrial de utilidade pública, serviços de alojamento e alimentação e serviços médicos e odontológicos.
O coordenador de Estudos do Dieese, Ademir Figueiredo, ressaltou que dezembro é, tradicionalmente, um mês de aumento das demissões. “Independente deste momento de crise, dezembro é um mês de ajuste do emprego”, afirmou. Ele estimou que, sem o efeito da crise, o País teria perdido, de qualquer forma, 350 mil postos no último mês de 2008.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, alertou para a possibilidade de empresas não concederem reajustes salariais neste ano usando a crise como “desculpa”. Ele declarou que os trabalhadores devem resistir a essas pressões. “Nós defendemos que é fundamental continuar havendo emprego e renda para fortalecer o mercado interno. Para isso, reajustar os salários dos trabalhadores é fundamental”, defendeu. Para pressionar o governo, as centrais marcaram para a segunda-feira o Dia Nacional de Luta em Defesa do Emprego.
2008
Os especialistas estimam que o mercado de trabalho brasileiro fechou 2008 com mais de 39 milhões de empregos formais, um aumento de 10,6 milhões de empregos, entre 2003 e 2008. O maior crescimento de vagas ocorreu na Região Norte, onde a taxa atingiu 105%. Em ordem decrescente, a evolução nas demais regiões foi a seguinte: Centro-Oeste (75%), Nordeste (68%), Sul (54%), e Sudeste (48%). Esse crescimento maior do emprego nas regiões Norte e Centro-Oeste não foi suficiente para alterar o mapa de distribuição do emprego no País.
JC- ONLINE
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