segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

ECONOMIA - PERNAMBUCO DESEMPREGOU MENOS


Os resultados da empregabilidade brasileira não foram muito positivos, em dezembro, devido à consequência da crise econômica internacional. De acordo com o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), do Ministério do Trabalho, houve uma queda no emprego de 2,08%, mas, na média nacional, o número de empregos, em 2008, registrou um aumento de 5%. Dentre os estados brasileiros que tiveram um bom desempenho está Pernambuco, onde, em dezembro, a queda de empregos foi de 0,91%. Além disso, a média pernambucana foi superior à média nacional (6,24%), passando do 14º para 2º lugar na geração de emprego. “O Brasil desempregou mais e Pernambuco desempregou menos. Existe uma disputa pelo trabalhador”, disse à Folha de Pernambuco o secretário estadual de Juventude e Emprego, Pedro Mendes. O representante da pasta detalhou ações, investimentos e qualificações, para que os pernambucanos não percam a oportunidade de conseguir uma vaga entre os empreendimentos que estão se instalando no Estado. A fila de espera é grande, pois, no banco de dados da Agência do Trabalho, a média é de 1,3 milhão de pessoas. Porém 35 mil já foram capacitados, sendo 80% jovens, um investimento de R$ 31,5 milhões.

Que avaliação o senhor pode fazer do nível de emprego no Estado?

Pernambuco cresceu muito na geração de emprego nos últimos dois anos. Ao comparar a geração de emprego entre os anos de 2007 e 2008, o Estado, em nível nacional, saiu da 14ª para a 2ª colocação. São números bastante claros de como Pernambuco evoluiu na questão do emprego formal. Em dezembro de 2006, o Estado sofreu uma variação negativa de 0,86%, ou seja, foram admitidos 20.025 trabalhadores e demitidos 27.244 trabalhadores. No ano de 2007, foram admitidos 21.429 trabalhadores e demitidos 23.667, gerando uma taxa negativa de 0,25%. Em 2008, foram empregados 23.679 trabalhadores e demitidos 32.087, o que gerou uma taxa negativa de 0,91%.

Como resultados negativos podem melhorar a colocação em nível nacional?

Percebe-se que dezembro é um mês de queda de emprego. Se fazemos uma comparação com outros estados, em 2008, o Nordeste teve queda geral de 1,09% na taxa do emprego e Pernambuco teve uma taxa menor. No Brasil, a média foi de -2,08%. A economia pernambucana sofreu algumas modificações ao longo do tempo. O Brasil desempregou mais e Pernambuco desempregou menos.

Quais os setores mais atingidos com o desemprego?

Os que tiveram maior queda foram calçados, com - 6,65%, e a produção da agricultura irrigada de Petrolina (- 4,62%), porque historicamente ela cai nesse período, por causa da entressafra.

Para o governador Eduardo Campos, 2009 será o ano do emprego. Isso será possível?

A economia pernambucana vem sofrendo processo de transformação. Nos dois últimos anos, com esse momento de equilíbrio das contas brasileiras e Pernambuco retomando grandes investimentos, também deixamos de ter uma base puramente agrícola se transformando em base industrial. O pique máximo de emprego, segundo histograma da refinaria, é junho de 2009, cerca de 25 mil trabalhadores. Significa que os investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) estão garantidos. Significa que a máquina vai rodar. Os investimentos estão garantidos, apesar do processo internacional. De acordo com os histogramas das empresas, serão gerados muitos empregos em Pernambuco. Também estamos prevendo novos investimentos que ainda não vieram para gerar a qualificação do emprego formal. Estive conversando com o governador para entrarmos com um processo de microcrédito para geração do empreendedorismo, principalmente nas regiões que tem menos investimentos, como Agreste Setentrional e Sertão do Moxotó.

Seria a formação de empregos indiretos que possam atender os grandes empreendimentos?

É porque ali não tem a força do emprego formal, mas pode gerar uma economia do empreendedorismo. Queremos gerar financiamento de microcrédito para a bacia leiteira, para a região de Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe, onde podemos financiar máquinas de costuras. Temos um estudo, feito por nossa consultoria, pronto para apresentar ao governador sobre microcrédito. Nele, retomamos algumas linhas importantes. Está em criação uma empresa de fomento e vamos, em conjunto, trabalhar a formatação desse microcrédito. Já existe o Crediamigo do Banco do Nordeste, mas podemos ir muito mais além, como os APLs (Arranjos Produtivos Locais) do mel e agricultura familiar. Estamos nos preocupando não só com emprego formal. Temos um investimento de R$ 5 milhões para tratar da Economia Solidária.

Como o governo está se preparando para isso diante de uma crise financeira?

Estamos trabalhando com a qualificação de 5 mil jovens das escolas públicas, com o programa Jovem Empreendedor, para aprenderem a fazer pequenos negócios. Não sabemos o tamanho dessa crise, mas estamos nos preparando para fomentar o empreendedorismo, já sabendo que pode haver uma queda no emprego formal. Queremos fazer estudos e projeções sobre o emprego formal e informal a cada 15 dias. Existe uma câmara discutindo políticas de emprego e renda, para que possamos errar menos. Aí também entram as comissões municipais de emprego que estão sendo fomentadas. Assim, fazemos uma análise para saber a situação de cada cidade e pensando em projetos para captação de recursos para a geração de empregos formais e informais.

Qual sua opinião sobre a qualificação profissional dos pernambucanos para suprir essas demandas?

Apesar de ser a melhor do Nordeste, o nível de escolaridade ainda é baixo. Por exemplo, na região do entorno de Suape, se não for feito um trabalho de reforço, teremos dificuldade de inserir trabalhadores pernambucanos.

E o que vem sendo feito?

Estamos junto com o Promimp fazendo uma discussão, um mega programa de elevação de escolaridade que, apesar de ter um aluno da escola pública municipal formado no ensino médio, quando o programa vai fazer o teste de escolaridade, não dá o nível médio, mas sim o fundamental. Isso porque existem as dificuldades históricas da educação e porque a exigência do Prominp é elevada. Estamos trabalhando na elevação da escolaridade de todas as regiões e estamos começando com Suape e toda a região de grandes empreendimentos. Vamos para Goiana, depois Vitória de Santo Antão, Garanhuns e Petrolina, ou seja, onde os empreendimentos estão chegando. O secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho, quando vai tratar com os empresários, uma das primeiras perguntas feita por eles é: “e a mão de obra?” Existe esse compromisso do governo que conta com vários parceiros, como Fiepe (Federação das Indústrias de Pernambuco), através do Sistema S. Se não há escolaridade suficiente, você não consegue agregar a qualificação que recebe. Não dá para ensinar uma pessoa a ler um relatório se ela não sabe ler ou interpretar a instrução. Estamos fazendo esse esforço para que esse nível de escolaridade resulte em mais pernambucanos dentro desses empreendimentos.

Em, Suape, por exemplo, quantos pernambucanos estão empregados?

Um pouco mais de 90% estão trabalhando nos empreendimentos em construção ou em operação.

Quando haverá a expansão da capacitação dos trabalhadores, se desconcentrando de Suape?

Estamos analisando alguns histogramas das empresas. O primeiro processo é da construção civil, pois o de contratação para mão-de-obra vai demandar pouco. Hoje, o mais avançado é o estaleiro. Mas somos um banco de dados do Prominp, o estoque de trabalhadores que tem para região. O banco geral é de 1,3 milhão de pessoas.


O Estaleiro Atlântico Sul aproveitou uma parte dos 5 mil capacitados pelo governo e, quando foi contratar o restante dos profissionais, já estavam empregados no mercado. O que aconteceu?

Alguns não foram encontrados. Mas, na verdade, existe uma disputa pelo trabalhador. Tem área que nem passa pela Agência do Trabalho, pois o mercado já puxa. Para quem é bom trabalhador não falta emprego. A refinaria quer, o estaleiro quer, as construtoras que estão fazendo as BRs querem. Enfim, quem tem uma boa qualificação, tem emprego garantido. Nossa perspectiva de geração de emprego ainda é grande. Geramos expectativa nos ramos da indústria de bebidas, de serviço e no turismo. Os cenários não são tão ruins. Existe uma reação positiva da economia pernambucana.

Para os jovens entrarem nesse mercado, além da capacitação, precisam da oportunidade do primeiro emprego. O que vem sendo feito?

Quando chegamos aqui, em 2006, cerca de 8 mil qualificações profissionais eram feitas. Em 2008, capacitamos 35 mil, dos quais 80% são jovens, de 16 a 29 anos, pois têm muitos ainda de idade avançada que estão fazendo o ensino médio. Foram investidos R$ 31,5 milhões, fora as bolsas que custaram cerca de R$ 6 milhões. Do total, 30% a 40% dos jovens estão empregados. Nossa perspectiva é de que vamos ter 30% da população composta por jovens de 16 a 29 anos e esse ambiente vai estar sendo levado para discussão. Estamos, junto com outras secretarias, plantando essas qualificações em locais que estão demandando mão-de-obra. Analisamos o nível de escolaridade do jovem e avançamos muito nisso. Há também uma parceria com a secretaria de educação para priorizar a qualificação dentro das escolas, reforçando a voltarem à escola pública. O avanço das políticas públicas nas escolas técnicas teve um aumento enorme, pois preparam os jovens em formação técnica para o mercado de trabalho. Planejamos fazer um estudo pesado sobre o projeto Jovem Aprendiz, que, acima de 100 trabalhadores, as empresas têm obrigação de contratar de 10% a 15% de aprendizes, pagando sua qualificação. Estamos fazendo um esforço enorme para inserir 30 mil jovens nesse ambiente. Agora, vamos jogar pesado nisso em parceria com a indústria e as empresas pernambucanas.

Que tipo de projetos já foram feitos para esse público?

O ambiente juvenil é o que mais sofre com a questão do desemprego. Hoje, o Chapéu de Palha faz qualificação de jovens, reforço escolar para cerca de 2,2 mil pessoas, a cada ano, na Zona da Mata. Também temos a capacitação com o Mãe Coruja. Estamos qualificando 420 jovens em telemarketing, pois tem uma empresa pedindo esses trabalhadores que devem ser contratados a partir de março. O Planseq (Plano Setorial de Qualificação) da construção civil, a área que mais está empregando hoje - o projeto precisa ser feito em concertação com os empresários, ou seja, eles dizerem de quantos estão precisando, se vão qualificar e aproveitar. Geramos qualificação onde percebemos que tem empregabilidade. Nossa meta é empregar.

RAFAELA AGUIAR
FOLHAPE

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