quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

ALERTA - SELO NÃO GARANTE A QUALIDADE DA ÁGUA MINERAL


O selo fiscal que passou a ser exigido desde o dia 1º deste mês nos garrafões de água mineral, resultando num aumento de R$ 1, em média, não garante a qualidade do produto. “É um instrumento de arrecadação de impostos, não de controle sanitário”, alerta a química do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) Hélida Philippinni. O Itep é a única instituição pública do Estado credenciada pelos órgãos federais para a análise físico-química da água. O gerente-geral da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), Jaime Brito, confirma a informação. “O selo é apenas fiscal, mas as engarrafadoras precisam atender às boas práticas empresariais para poder recebê-lo”, afirma. O receio de Hélida, que chefia o Laboratório de Qualidade de Água do instituto, é que a população consuma a água mineral com selo pensando que ela passou por alguma validação sanitária. “Isso seria o ideal, mas ainda não é o caso.” A certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é de novembro de 2007 e a do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), de novembro de 2008. Com 10% a 11% do mercado, Pernambuco é o segundo maior produtor e consumidor de água mineral do País. Perde apenas para São Paulo, que detem 34% do mercado. “São de quatro a cinco milhões bujões vendidos por mês. Mas esse número pode ser muito maior, levando-se em conta a clandestinidade”, afirma Brito. Para Hélida, o consumo de água mineral se intensificou em Pernambuco com o surto de cólera de 1999. “Como os filtros não retêm as bactérias, bebedouros de água mineral ganharam força”, relata. Na opinião da química, a água deve e pode ser consumida. “A da torneira também, desde que clorada ou fervida.” “Quando entra em ebulição, a 100 graus, a maioria das bactérias é eliminada”, ensina. Já a cloração é feita na proporção de duas gotas de água sanitária ou hipoclorito de sódio para cada litro de água. A solução deve descansar por meia hora antes de ser ingerida. Outra justificativa para o consumo de água mineral em Pernambuco é a disseminação de poços. A estimativa da Agência Pernambucana de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH) é de que existam cinco mil só no Recife. “As pessoas têm medo de beber água de poço. Se a impermeabilização não for adequado há riscos de contaminação”, esclarece. Outra fonte de poluentes são as caixas-d’água. “Muitas não são fechadas. Se um animal morto cair dentro pode haver contaminação bacteriológica”, afiram Hélida. Nesse caso, a legislação obriga o condomínio a realizar análises bacteriológicas mensais. Já o parâmetros físico-químicos devem ser medidos a cada seis meses. Enquanto as bactérias causam doenças infecciosas como a cólera, provocada pelo vibrião, alterações dos parâmetros físico-químicos podem resultar em distúrbios neurológicos. “Excesso de metais pesados como chumbo e mercúrio altera o sistema nervoso central. Há, ainda, registros de que o excesso alumínio esteja associado ao mal de Alzheimer.” Segundo Jaime Brito, cabe ao síndico ou administrador realizar as análises regularmente. “E quem mora em prédio deve cobrar ao síndico.”

FONTE-JC

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