segunda-feira, 28 de julho de 2008
PROGRESSO - TRANSPOSIÇÃO DO RIO MUDA CENÁRIO DO SERTÃO
Desde menino, o pescador Alex José da Silva sai da sua casa, na Agrovila 3, próximo a Petrolândia, para pescar no rio São Francisco. Sua rotina é puxada, das 7h às 17h, de segunda a sábado, dentro de um pequeno barco com apenas uma vara de pescar. Entretanto, há mais de um ano, o pescador passou a dividir o rio com tratores, caminhões, barulho, muita poeira e grandes canais sendo abertos. Foi assim que a reportagem da Folha de Pernambuco encontrou as obras de transposição do rio São Francisco, em junho de 2006, quando foi até Cabrobó, no Sertão do São Francisco, a 489 km do Recife, para a cobertura em primeira mão do início das atividades do Exército. Na última semana, a Folha voltou a Cabrobó e foi até Floresta, a 409 km da Capital, registrar com exclusividade o andamento das obras. Nesta reportagem especial, o leitor saberá o que aconte nas cidades atingidas pelo projeto, com histórias dos moradores que já estão trabalhando no canteiro de obras e daqueles que aguardam com ansiedade por uma carteira assinada. A palavra mais correta para definir o projeto de transposição do Rio São Francisco é grandiosidade. Quem visita o canteiro de obras fica admirado com o tamanho, valor do investimento e complexidade do empreendimento. São R$ 5 bilhões a serem gastos com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para executar 420 quilômetros de canal no Eixo Norte e 200 quilômetros no Eixo Leste. O padrão do canal, ao longo do seu curso, é de seis metros de profundidade, com 24 metros de lâmina d’água (de uma margem a outra) e seis metros de largura no fundo do canal. O projeto ainda é composto por nove estações elevatórias de bombeamento, sendo seis no Leste e três no Norte, e 30 barragens que servirão como controladoras do fluxo de água nos canais. Do São Francisco até os destinos finais em quatro estados do Nordeste (Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte), a água ainda passará por túneis e aquedutos. “Sempre haverá essas soluções para driblar obstáculos, evitando a perda da gravidade e a redução do fluxo da água, que precisa circular naturalmente”, explicou o engenheiro do Ministério da Integração Riomar Alves de Araújo. O projeto prevê a captação máxima de 1,4% da água que passa pelo São Francisco. No Eixo Leste, em Floresta, o 3º Batalhão de Engenharia de Construção do Exército (3º BEC) está trabalhando com 300 militares e civis no trecho 5, do Lote 9, na construção do canal de aproximação da água, com 5.840 metros de extensão, e na barragem de Areias. A escavação do canal está bem avançada, inclusive a do canal de captação da água pela barragem de Itaparica. “Estamos trabalhando em dois turnos, durante 24 dias por mês, folgando aos domingos”, disse o comandante do destacamento do 3º BEC, coronel Vanilson Gurgel Vaz. Passando pelo canal de captação, a água seguirá por esse canal até a estação de bombeamento, que ficará a cargo do consórcio das empresas Encalso, Convap, Arvek e Record, que construirá todas as seis estações no Leste. Tanto as atividades desse consórcio como as da Camargo Correia, que ganhou a licitação para a construção do restante do canal no Lote 9, ainda não começaram. Estão aguardando a liberação de licenças ambientais e da prefeitura para iniciarem as instalações. “Dentro de 25 dias a Camargo inicia os serviços. Entregamos todo esse eixo em 2010”, garantiu o diretor de Projetos Estratégicos do Ministério da Integração, Francisco Abreu.
RAFAELA AGUIAR-FOLHAPE
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