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domingo, 20 de março de 2016

PRODUÇÃO - CASAS DE FARINHA FECHAM AS PORTAS EM PERNAMBUCO

O município de Feira Nova (no Agreste) ainda guarda o título de Terra da Farinha, mas deixou de ser o maior produtor do Estado. Das 40 casas de farinha instaladas na cidade restam três em funcionamento. Quem anda pelo município se depara com os fornos e máquinas forrageiras paradas. Eventualmente, quando o preço da farinha melhora, algumas voltam a moer. O cenário de casas de farinha fantasmas se repete em outras cidades da região.

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“A produção de farinha já foi a principal atividade econômica de Feira Nova, mas não é a realidade atual. Hoje o município vive da fabricação de placas de gesso, da administração municipal e do comércio. A seca comprometeu a produção da mandioca não só no município mas também em todo o Nordeste. A cidade era conhecida por processar mandioca de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. Depois foram surgindo fábricas nas regiões produtoras e perdemos importância”, diz o secretário de Agricultura, Márcio Santana.

O pecuarista Adeval Barbosa é integrante da terceira geração de produtores de casa de farinha, mas que desistiu do negócio. “Não tem incentivo do governo para que os agricultores plantem mandioca. A produção caiu e os pequenos não têm condição de arcar com o frete. Hoje crio gado pra viver. A fábrica do meu avô era gigante. Chegou a ter 200 funcionários e vendia farinha para os municípios vizinhos”, conta, mostrando as ruínas da casa, que funcionou por mais de duas décadas.

Sem capital de giro para dar conta da alta nos custos da mandioca, o produtor Moacir Barbosa de Lima tenta manter a casa de farinha funcionando, terceirizando a estrutura. “Esses dias estou arrendando para triturar arroz para fazer ração para o gado. Não penso mais em voltar a produzir farinha porque já tive prejuízo demais. Criei meus dois filhos do dinheiro que ganhei na fábrica, mas não dá mais”, lamenta.

Dos anos 1990 até 2011, o Nordeste foi o maior produtor de mandioca do Brasil seguido de perto pela região Norte. O momento de declínio da produção coincide com a maior estiagem dos últimos 50 anos. Nesse intervalo o País também perdeu posição no ranking mundial. Antes ocupava o segundo lugar, atrás apenas da Nigéria. Hoje está em quarto, depois da Nigéria, Tailândia e Indonésia.

Adriana Guarda/ JC OnLine

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