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sábado, 19 de março de 2016

MANIFESTAÇÃO - "NÃO VAMOS ACEITAR QUE TENHA GOLPE", DIZ LULA À MULTIDÃO EM SÃO PAULO

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a assumir o papel de líder operário nesta sexta-feira (18), em São Paulo, ao comandar uma grande manifestação em defesa do frágil governo da presidente Dilma Rousseff, ameaçada pelo impeachment.

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Vestido com uma camisa vermelha e no alto de um caminhão, Lula, 70 anos, foi ovacionado por milhares de pessoas na Avenida Paulista, no principal ato em defesa do governo, organizado em São Paulo.

"Lutamos para derrubar o regime militar, para conquistar a democracia, e não vamos aceitar mais nenhum golpe neste país", declarou Lula para a multidão reunida na Paulista.

"Quando a presidente Dilma ganha, eles, que se dizem social-democratas, pessoas evoluídas, estudadas, eles não aceitam o resultado e faz um ano e três meses que eles estão atrapalhando a presidenta Dilma a governar este país", afirmou, sendo ovacionado pelos simpatizantes.

"Eu vim para ajudar a Dilma a fazer aquilo que tem que ser feito neste país: este país precisa voltar a crescer, este país tem que ter uma sociedade harmônica, este país precisa voltar a entender que democracia é a convivência da diversidade", prosseguiu. 

Milhares de pessoas se manifestaram em apoio à presidente Dilma e a Lula, suspeito de crimes como ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro, dias após um protesto que levou milhões às ruas para pedir a saída da presidente.

Em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e diferentes cidades do nordeste - reduto eleitoral de Lula - simpatizantes pró-governo, com bandeiras vermelhas do Partido dos Trabalhadores e cartazes de apoio a Dilma, foram às ruas.

"Não ao golpe!", repetiam os participantes, em alusão ao processo de impeachment de Dilma, que já é discutido no Congresso.

A esquerda busca fazer sua própria demonstração de força, após a impressionante mobilização de três milhões de brasileiros que pediram, no domingo passado, a saída da presidente Dilma.

O frágil governo Dilma marcou uma vitória nesta sexta-feira, quando um tribunal anulou a segunda liminar que bloqueava a tomada de funções do ex-presidente como ministro chefe da Casa Civil.

Segundo a imprensa, no entanto, um juiz do interior de São Paulo acatou uma terceira liminar.

MANIFESTAÇÕES X VOTOS - "Lula, guerreiro do povo brasileiro!", repetiam os manifestantes na Avenida Paulista, centro financeiro de São Paulo, onde a polícia usou jatos d'água e bombas de efeito moral para retirar 150 manifestantes contrários ao governo que ocupavam a via desde a quarta-feira.

Os organizadores da marcha pró-governo - PT, Central Única de Trabalhadores (CUT) e diversas organizações sociais - pretendem reunir pelo menos cem mil pessoas em São Paulo, menos de 10% do 1,4 milhão que desfilou no domingo para criticar o governo.

"Cem mil pessoas na Paulista seria um número extraordinário", admitiu o presidente do PT de São Paulo, Emidio de Souza. "Estamos em um momento em que está se criminalizando a ação política. Este movimento [opositor] está dando espaço a grupos nazifascistas", acrescentou. A polarização da sociedade brasileira gera o medo de incidentes.

"Não acho que o governo caia, mas se isto acontecer, vai haver violência nas ruas. Não podem invalidar os votos de 54 milhões de brasileiros por um milhão que saia na Paulista", disse à AFP João Francisco Brum, um advogado de 30 anos, vestindo roupa vermelha e com um adesivo na camisa, com os dizeres "Abaixo o golpe, Não ao impeachment".

Às 18H00, umas oitenta mil pessoas já tinham se reunido na Avenida Paulista, segundo os organizadores.

No Rio, milhares de pessoas também se concentraram na Praça XV, no centro da cidade.

Outras seis mil pessoas marcharam em Salvador e três mil em Maceió, as duas no nordeste, reduto eleitoral de Lula e Dilma.

No exterior, a crise política que castiga o Brasil e a recessão econômica ofuscaram a imagem de um país emergente pujante, que se prepara a sediar os Jogos Olímpicos do Rio, em agosto.

CORRIDA CONTRA O RELÓGIO PARA O IMPEACHMENT - A crise agravou-se esta semana em todas as frentes após a nomeação de Lula, investigado por ocultação de patrimônio no âmbito do escândalo na Petrobras, como chefe da Casa Civil.

Lula, de 70 anos, foi chamado a ajudar sua herdeira política e sucessora a recompor a base aliada, que está naufragando, para bloquear um processo de impeachment no Congresso.

Sua posse tinha sido suspensa por liminar e foi derrubada nesta sexta-feira pelo tribunal regional federal da segunda região, no Rio de Janeiro.

Também nesta sexta, a Câmara dos Deputados celebrou a primeira das quinze sessões previstas para que a comissão especial recomende a abertura ou o arquivamento do pedido de impeachment.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disse que a Comissão pode dar seu parecer em "30 dias".

"É melhor que seja rápido para que o país possa conhecer sua verdadeira agenda. Não podemos ficar com uma agenda única que seja a do impeachment (...) Poderia ser em trinta dias", disse Cunha, adversário declarado de Dilma.

A posse de Lula tem sido questionada por liminares na Justiça, baseadas na suspeita de que o ex-presidente, ao assumir um cargo ministerial, pretendia, acima de tudo, obter o foro privilegiado para se livrar do juiz Sérgio Moro, encarregado das investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras.

Um total de doze juízes apresentaram recursos para tentar bloquear que assuma suas funções.

A divulgação do grampo de uma conversa telefônica entre Lula e Dilma avivou esta suspeita e gerou novos protestos, principalmente em São Paulo e Brasília.

Dilma repudiou estas versões e criticou a divulgação do diálogo pelo juiz Moro.

"O presidente tem garantias constitucionais e [seu telefone] não pode ser grampeado, a não ser que seja com autorização expressa da Suprema corte do país. Em muitos lugares do mundo, quem grampear o presidente, vai preso (...) É por isso que vou tomar todas as providências cabíveis neste caso", declarou Dilma, em ato em Feira de Santana (Bahia).

Da AFP

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