ARARIPINA

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PMA

domingo, 29 de novembro de 2009

SAÚDE - EX-FUMANTES SUPERAM FUMANTES


RIO – O número de ex-fumantes já é maior do que o de fumantes no País. Entre a população brasileira adulta (assim consideradas aquelas com 15 anos ou mais), 17,2% fumam – o que equivale a 24,6 milhões de pessoas –, enquanto 26 milhões pararam de fumar, a maioria há mais de dez anos. É o que mostra a primeira Pesquisa Especial Sobre Tabagismo (Petab), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e que traça um perfil completo do consumo do tabaco no Brasil.

O número aparentemente favorável aos esforços antitabagistas do governo e da sociedade como um todo vem acompanhado de outros que mostram a dificuldade enfrentada pelos fumantes para abandonar o vício. Mais da metade deles (52%) afirma que quer parar.

No entanto, quando questionados quando abandonarão o cigarro, apenas 7% responderam que o fariam no próximo mês. Pouco mais de 81% dos entrevistados querem parar um dia, sem especificar quando, ou não estão interessados em fazê-lo.

“Um dos desafios é ampliar a oferta de tratamento. A pesquisa mostra que mais da metade dos fumantes querem parar de fumar. No entanto, muitas vezes, essas pessoas não encontram espaço terapêutico para isso”, disse o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que participou da divulgação da pesquisa. Ele admitiu a deficiência no Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento a quem quer parar de fumar.

LEVANTAMENTO

A Petab trata-se do estudo mais completo já realizado sobre o número, perfil e hábitos dos fumantes no Brasil. O IBGE, em parceria com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), entrevistou 51 mil pessoas de 851 municípios durante a Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (Pnad). Parte do levantamento foi financiado por organismos internacionais e está sendo aplicado em outros 13 países.

No Brasil, nove em cada dez fumantes (88%) fumam diariamente, enquanto cerca de 12% são usuários ocasionais. Seis em cada dez acendem o primeiro cigarro até meia hora depois de acordar, o que é sinal de alta dependência. Mais de um terço dos entrevistados consome de 15 a 24 cigarros por dia, o equivalente a uma carteira. Por outro lado, quase 65% da população nunca fumou.

Os fumantes são predominantemente homens (14,8 milhões contra 9,8 milhões de mulheres, o que equivale a 21% da população masculina e 13% da feminina). A maioria dos que fumam (78%) tem entre 25 e 64 anos e a maior parte deles (32% das pessoas entre 20 e 34 anos) começou a fumar entre os 17 e 19 anos.

HÁBITO É MAIOR ENTRE AS CLASSES SOCIAIS MAIS BAIXAS


RIO – Vendido nas propagandas como algo glamouroso, o hábito de fumar no Brasil é proporcionalmente maior entre as faixas de renda mais baixa. Segundo o IBGE, o percentual de fumantes entre os brasileiros com renda per capita inferior a um quarto de salário mínimo é de 19,9%. Entre os que ganham dois salários mínimos ou mais, fica em 13,5%.

As diferenças são ainda maiores quando se analisa a escolaridade. Das pessoas que tiveram menos de um ano de instrução, 25,7% fumam. O percentual vai decrescendo à medida que o tempo na escola aumenta, até chegar a apenas 13,5% entre aqueles que estudaram 11 anos ou mais.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, destacou que, entre os mais pobres, o consumo de cigarro representa um impacto importante sobre a economia das famílias. De acordo com a pesquisa, o gasto mensal médio com o produto era de R$ 78,43 no ano passado, quando o salário mínimo estava em R$ 415,00.

O estudo revelou também que o cigarro é proporcionalmente mais presente nas zonas rurais. Nessas áreas, a taxa de fumantes chega a 20,4%, acima dos 16,6% registrados nas cidades.

O tipo de cigarro fumado também varia entre as localidades. Na zona urbana, 14,9% da população fuma cigarros industrializados e 3,6%, enrolados à mão. Na rural, 13,8% fumam cigarros enrolados à mão e 11,9%, industrializados.

POLÍTICAS ANTIFUMO SURTEM RESULTADO, AVALIA ESPECIALISTA


RIO – Se o governo não tivesse adotado políticas antifumo o País teria hoje 40 milhões de fumantes, afirmou a coordenadora do Centro de Tratamento de Tabagismo do Inca, Cristina Cantarino. “Como o número de fumantes caiu pela metade, quem continua fumando é porque tem alto grau de dependência”, disse.

A Pesquisa de Tabagismo do IBGE comprovou isso: a maioria dos fumantes consome, em média, um maço de cigarros diariamente, fuma até 30 minutos depois de acordar e, apesar de querer parar, não consegue abandonar o vício.

“Todo fumante é ambivalente”, observou Cristina, explicando que o tabagismo é uma doença. “Ele pensa que deve parar, mas, por outro lado, adora fumar.”

O prazer do cigarro é provocado pela ação da nicotina, que libera dopamina no cérebro. “As campanhas deveriam focar mais os benefícios de parar de fumar”, aconselhou.

O vício é tão forte que mesmo quem conseguiu abandonar o vício deve ficar atento. “Muito ex-fumante acha que não tem problema dar uns tragos numa festa e acaba voltando a fumar diariamente”, advertiu Cristina.

Ela explica que os fumantes possuem receptores específicos para nicotina no cérebro e uma única tragada é capaz de estimulá-los a querer mais.

FONTE-JC

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