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PMA

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

PREVIDÊNCIA - ATUAL POLÍTICA SALARIAL ATINGE APOSENTADOS


SÃO PAULO – Todo ano, quando se aproxima a época do reajuste do salário mínimo, um tema volta a dominar os debates: os benefícios acima de um salário mínimo pagos pela Previdência estão sendo corrigidos abaixo do que deveriam. Em outras palavras, os aposentados que ganham mais que o mínimo estão sendo prejudicados.

Essa discussão tem uma razão de ser: a política de valorização do mínimo adotada nos últimos anos pelos governos FHC e Lula, que beneficia o aposentado que ganha pouco e prejudica o que ganha mais. A polêmica está no Congresso. E o governo tenta a todo custo evitar a aprovação do projeto de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), que prevê o mesmo reajuste para todos os aposentados.

Apesar das reclamações, não há ilegalidade na situação. Os aposentados que ganham menos estão tendo reajustes acima do que seria devido. Mas os que ganham mais estão tendo reajustes conforme manda a Constituição. Pelo Artigo 201, parágrafo 4º, é assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.

Ou seja, o governo cumpre o que manda a Constituição – e dá a todos os benefícios previdenciários o reajuste pela inflação. Para o mínimo, o governo dá um índice superior à inflação. Ocorre que, também segundo a Constituição, os benefícios não podem ter valor inferior ao do mínimo. Assim, o aumento do primeiro acaba elevando automaticamente os segundos.

Para se ter uma ideia, os efeitos dessa política de reajuste, apenas nos últimos dez anos o salário mínimo subiu 241,91%. Assim, os benefícios iguais ao mínimo subiram também 241,91%. Em valores, é como se um benefício de R$ 100 passasse para R$ 341,91 (na verdade, o mínimo passou de R$ 136 em 1999 para os atuais R$ 465).

Por sua vez, os benefícios de valor superior ao mínimo subiram apenas 99,66% no mesmo período. Em valores, é como se os mesmos R$ 100 tivessem passado para R$ 199,66Resultado: os R$ 341,91 representam mais 71,25% sobre os R$ 199,66.

Se o mínimo subisse apenas com base na inflação, estaria hoje, no máximo, em R$ 272. Em reais, houve um ganho de R$ 193 para quem está na base da pirâmide salarial. Esse ganho, porém, é praticamente esquecido. Em vez de dizer que quem está na parte de baixo da pirâmide salarial está ganhando mais, costuma-se dizer que quem está na parte de cima está ganhando menos.

GOVERNO EVITARÁ O REAJUSTE UNIFICADO

Neste ano, a polêmica ganhou um ingrediente adicional com o projeto do senador Paulo Paim (PT-RS) que pretende equiparar o reajuste de todos os benefícios, independentemente do valor. Pela proposta, o reajuste para todos os benefícios, a partir de janeiro de 2010, seria com base na inflação deste ano mais a variação do PIB de 2008.

O governo concorda com esse índice apenas para os benefícios equivalentes a um salário mínimo, mas quer que, para os de valores superiores, seja dada apenas metade da variação do PIB. O governo insistirá, nas próximas semanas, na tese de que não é possível dar aos benefícios superiores ao mínimo um reajuste maior do que a inflação de 2009 mais metade da variação do PIB de 2008 – cerca de 6,5% a partir de janeiro.

A tese do governo é a de que um reajuste maior do que esse comprometeria não apenas as contas da Previdência Social em 2010 mas nos anos seguintes. Segundo o governo, a mudança provocaria um gasto adicional de cerca de R$ 6,9 bilhões em 2010.

Se vier a ser aprovado pelo Congresso, o projeto de Paim, que beneficia mais de 8 milhões de aposentados, provavelmente será vetado pelo presidente Lula.

FONTE-JC

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