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sexta-feira, 31 de julho de 2009

CÂNCER DE PELE - ALERTA CONTRA BRONZEAMENTO ARTIFICIAL


SÃO PAULO – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve publicar normas mais rígidas para as câmaras de bronzeamento artificial nas próximas semanas e, eventualmente, proibir seu uso para fins estéticos. A medida é motivada por decisão da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (Iarc), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), que passou a considerar a técnica “cancerígena para humanos”, classificação atribuída a produtos como o cigarro e o arsênico.

“Desde o ano passado, a Anvisa pretendia criar uma norma mais restritiva”, afirma o diretor da agência, Dirceu Barbano. Ele solicitou um parecer técnico sobre o tema para ser discutido na próxima terça-feira durante a reunião da diretoria colegiada do órgão.

O novo texto substituiria a resolução número 308/2002, que enumera as exigências legais do ramo. “Agora trabalhamos com a possibilidade de proibir o uso do equipamento para fins estéticos”, pondera Barbano. Ontem, apenas uma marca de câmara tem registro na agência.

Para a dermatologista Edileia Bagatin, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Anvisa acertaria com a proibição. “Ele (o bronzeamento) só traz malefícios. Pode causar um tipo de tumor muito agressivo”, afirma. “E, mesmo que a pessoa não desenvolva câncer, sofrerá com o envelhecimento da pele”, completa.
A médica ressalva que seria importante garantir o cumprimento integral da resolução. “Se os estabelecimentos funcionarem na ilegalidade, a situação será ainda pior”, avalia.

Rafael Schmerling, oncologista clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp), considera inegável que as sessões de bronzeamento são nocivas. Mas julga excessivo proibir a existência das câmaras.
“Se fizéssemos isso, deveríamos proibir também produtos que, sem dúvida, também causam câncer, como o tabaco”, argumenta. “O impacto na saúde pública seria ainda maior”, finaliza.

O melanoma, tipo de câncer de pele mais agressivo, é relacionado com os raios UVA, que são emitidos durante o processo de bronzeamento. No Brasil, ele responde por 4% dos cânceres de pele, em torno de 6 mil casos por ano, e a incidência maior está na faixa dos 50 anos, com igual proporção entre homens e mulheres.

Mesmo em pacientes que começaram o bronzeamento nos últimos cinco anos, ou seja, com lâmpadas mais modernas e que, teoricamente, seriam mais seguras, houve aumento na incidência da doença. “Já está muito bem demonstrado que bronzeamento em câmaras não é bom”, diz o oncologista João Duprat, responsável pelo departamento de oncologia cutânea do Hospital A.C.Camargo, em São Paulo, referência em câncer. Para ele, não há lâmpada segura quando se trata de bronzeamento artificial. “Ela precisa de UVA para dar o bronzeamento, e UVA aumenta o risco de melanoma”, explica.

LÂMPADAS TÊM RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO COM O TUMOR


A Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (Iarc), um braço da OMS (Organização Mundial da Saúde) na área oncológica, aumentou o nível de alerta das câmaras de bronzeamento artificial. Elas deixaram de ser prováveis cancerígenas para representar uma causa concreta de tumor de pele – a mesma relação entre o cigarro e o câncer, por exemplo.

Segundo o médico João Duprat, o marketing da indústria de equipamentos se apega em dados de outros tipos de câncer de pele mais frequentes e menos agressivos, como carcinoma basocelular, que não estão relacionados aos raios UVA.

Para o médico Dorival Veras Lobão Filho, especialista da área de dermatologia do Instituto Nacional de Câncer (Inca), as câmaras de bronzeamento deveriam ser proibidas para fins estéticos. “Na melhor das hipóteses, os raios UVA causam envelhecimento da pele.E não há dúvida de que aumentam os riscos de melanoma.”
A médica Célia Kalil, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, também defende que as câmaras nunca deveriam ser usadas para fins estéticos.

“Elas têm uma indicação para tratamento de algumas doenças, como vitiligo, psoríase e atopia. Nesses casos, a exposição é extremamente controlada por um dermatologista e não passa de um ou dois minutos. Nos casos de bronzeamento, a pessoa fica 15 ou 20 minutos lá dentro”, argumenta ela.

A dermatologista Selma Cernea, coordenadora da campanha contra o câncer de pele da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que a radiação UVA tem um comprimento de onda maior e penetra mais profundamente na pele.
Selma pondera que, embora seja preciso um grande número de exposições para causar o câncer, é fácil chegar a esse valor durante o tratamento. “Sem contar que o efeito é potencializado se a pessoa se expõe ao sol frequentemente e sem os cuidados adequados.”

Fonte-JC

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